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segunda-feira, 24 de junho de 2013

“Eu estou ‘maravilhado’ com a força que o povo brasileiro está mostrando que tem”

Diante dos protestos realizados na última semana, o Canal Jovens de Maria entrou em contato com a Pastoral da Juventude para saber qual o posicionamento da pastoral diante dos acontecimentos. Thiesco Crisóstomo, secretário nacional da Pastoral da Juventude, nos cedeu entrevista sobre o seu ponto de vista enquanto representante da pastoral e jovem no Brasil. Confira!

Como secretário nacional da Pastoral da Juventude, como você está se sentindo diante das manifestações realizadas no país?
Thiesco Crisóstomo: É um misto de sentimentos! Eu estou maravilhado com a força que o povo brasileiro está mostrando que tem. Sempre teve! Sempre fomos assim, mas estávamos adormecidos. Estávamos estagnados porque achamos tudo muito normal. Isso é histórico. A grande parte da população sempre se indignou com as situações de corrupção no país, mas esta mesma maioria não estava disposta a lutar contra. Entendo que tivemos um estopim, que pode ser sido o aumento da passagem em SP, ou os gastos absurdos com a Copa. Mas sem dúvida, não era apenas isso que estava deixando o povo insatisfeito. Exemplo claro é esse, de que mesmo com a diminuição das tarifas de transporte, a luta permanece. Mas é importante ressaltar que essa luta tem que ser pautada com clareza. Nosso inimigo não é o governo, nem os partidos, como muitos querem fazer que acreditemos. Nosso inimigo é outro. É o sistema demoníaco que temos, que manipula e corrompe as pessoas. Que faz as pessoas pensarem apenas nelas e em seus interesses pessoais. Este sistema é representado hoje, não pelos governos ou partidos, que têm sim sua parcela de culpa, porque se deixam corromper, mas o sistema de morte é representado por aqueles/as que provocam a corrupção: A grande mídia, os bancos e as transnacionais. Nenhum destes três setores da sociedade estão se importando com o que o povo vive ou sente. Por isso, pra mim, é importante ir para as ruas com essa clareza, sabendo de que lado nós estamos e de que lado queremos ficar. Ah! E esse sistema tem nome, vários nomes: capitalismo, neoliberalismo, ‘neodesenvolvimentismo’. São facetas de um mesmo monstro que só produz desigualdade, corrupção, fome… morte!
Neste contexto, a campanha contra a violência e extermínio de jovens toma novas proporções?
Thiesco Crisóstomo: Pode tomar! É um momento de a sociedade apontar as pautas do dia a dia que exigem transformação. Uma delas é sem dúvidas a violência contra os jovens. É um absurdo o que acontece, mesmo nas manifestações. A proporção da força exercida pelos policiais é desumana. Desumana também é a forma como a mídia trata algumas situações. Tenho observado que as redes de televisão, quando vão falar dos focos de vandalismo, das prisões nos atos, fazem questão de enfatizar a quantidade de jovens e, especialmente, a quantidade de menores envolvidos. É um levante contra nós jovens. É também uma forma de violência! Levantar a bandeira da redução da maioridade penal, sem ao menos perceber a vida destes jovens, é um absurdo! Pensar em politicas que melhorem a vida dos jovens, pensar em espaços de inclusão, em escolas de qualidade, em educação de qualidade é uma tarefa de todos nós. Este é o caminho para superar a onda de violência que assola o país. Ações concretas que propomos a partir da Campanha contra o extermínio. Ações que vão até os jovens e percebem os reais motivos de tanta violência e, a partir daí, transformar a realidade destes que são marginalizados.
Quais frutos você acredita que vamos colher desse momento que fica marcado na história do Brasil?
Thiesco Crisóstomo: Ainda não consigo dizer bem. Ainda é cedo pra dizer, acho. Estamos passando agora para uma segunda fase das movimentações. Me deixa muito feliz ver que a gente consegue provocar pautas concretas quando vamos às ruas. Mas há situações que têm me deixado preocupado. Não podemos achar que vamos fazer uma revolução da forma que estão caminhando algumas situações. Acredito que o povo precisa unir as forças e, repito, ter clareza daqueles que são os verdadeiros inimigos. Enquanto não tivermos consciência disso, vamos continuar nos violentando e achando que o inimigo é o partido tal, ou o movimento tal, ou tal pessoas, porque se vestem diferente. Nessa perspectiva, me preocupa, de modo especial, a forma como tem crescido em meio as manifestações, um viés conservador da sociedade, se utilizando de velhas farsas, para amedrontar a população. Ouvi muitos até falando em golpe de estado. Outros pedindo a volta dos militares ao poder. Isso é muito sério e preocupante! Não podemos deixar caminhar por esse lado. Nosso desejo é sempre o caminho da democracia, transparente e justa com todos. Tudo o que nossos antepassados e muitos dos que ainda estão aí viveram na ditadura, foi para que isso nunca mais acontecesse em nosso país. Não podemos retroceder! É nosso compromisso com aqueles e aquelas que viveram e morreram pela democracia brasileira.
Você participou de alguma manifestação?
Thiesco Crisóstomo: Infelizmente, ainda não! Participei na minha cidade, Marabá-PA, da concentração que motivou o ato no dia seguinte. Era pra ter sido uma reunião de coordenação do ato, mas juntou cerca de 300 pessoas. Foi lindo! Nossa cidade passou, nos últimos 4 anos, pelos piores momentos de sua vida política. Eram claras as situações de corrupção, mas ninguém se manifestou. Enfim, precisamos do estopim nacional para que nos juntássemos às fileiras e fôssemos pra rua!
Infelizmente, nessas horas, estar neste serviço, nos priva de algumas coisas. Esta foi uma delas. Espero ainda poder vivenciar este momento em algum lugar do país. Só volto pra casa agora depois da JMJ. Até lá serão muitos encontros e viagens. Numa dessas, quem sabe, nos encontramos nas ruas!
Por Jovens de Maria

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