Cidade do Vaticano, 25 jan (RV) - Os meios de comunicação estejam a serviço do homem e não se tornem o megafone do materialismo econômico e do relativismo ético, verdadeiras pragas do nosso tempo: é o que escreve o papa na Mensagem para o próximo dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado no dia 4 de maio próximo com o tema "Os meios de comunicação social: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Buscar a verdade para partilhá-la".A Mensagem foi apresentada esta manhã, na Sala de Imprensa da Santa Sé, em coincidência com a memória litúrgica de São Francisco de Sales _ padroeiro da imprensa católica _ pelos presidente e secretário do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, respectivamente, Dom Claudio Maria Celli e Mons. Paul Tighe."A humanidade se encontra hoje diante de uma encruzilhada" _ escreve o pontífice: os meios de comunicação, como se dá em função do progresso, oferecem inéditas possibilidades para o bem, mas abrem, ao mesmo tempo, possibilidades abissais de mal que antes não existiam.De fato, graças a uma vertiginosa evolução tecnológica, esses meios adquiriram potencialidades extraordinárias: é inegável _ afirma _ a contribuição deles para a alfabetização, o desenvolvimento da democracia e para o diálogo entre os povos.Todavia _ acrescenta _ não devem ser somente meios para a difusão das idéias, mas também instrumento a serviço de um mundo mais justo e solidário. Há, ao invés, "o risco de que eles se transformem... em sistemas voltados a submeter o homem a lógicas ditadas pelos interesses dominantes do momento":"É o caso de uma comunicação usada para fins ideológicos ou para a venda de produtos de consumo mediante uma publicidade obsessiva. Com o pretexto de se apresentar a realidade, de fato tende-se a legitimar e a impor modelos errados de vida pessoal, familiar ou social. Além disso, para atrair os ouvintes, a chamada quota de audiências, por vezes não se hesita em recorrer à transgressão, à vulgaridade e à violência. Existe enfim a possibilidade de serem propostos e defendidos, através dos media, modelos de desenvolvimento que, em vez de reduzir, aumentam o desnível tecnológico entre países ricos e pobres."Por isso, há que interrogar-se se é sensato deixar que os instrumentos de comunicação social se ponham ao serviço de um protagonismo indiscriminado ou acabem em poder de quem se serve deles para manipular as consciências. Eles devem, ao invés, permanecer "a serviço da pessoa e do bem comum".Bento XVI evidencia uma reviravolta, aliás, uma verdadeira transformação de papel dos meios de comunicação que suscita a preocupação da Igreja:"Hoje, de modo sempre mais acentuado, a comunicação parece às vezes ter a pretensão não só de apresentar a realidade, mas também de a determinar graças à capacidade e força de sugestão que possui. Constata-se, por exemplo, que em certos casos os media são utilizados, não para um correto serviço de informação, mas para «criar» os próprios acontecimentos."Em seguida, o papa ressalta que, pela sua incidência sobre as consciências, os instrumentos da comunicação social assumiram um papel importante naquela que define como o "desafio crucial do terceiro milênio", ou seja, "a questão antropológica".De fato, está em jogo a dimensão constitutiva do homem: a vida humana, o matrimônio, a família, a paz, a justiça, a salvaguarda da criação.E "quando a comunicação perde as amarras éticas e se esquiva ao controle social, acaba por deixar de ter em conta a centralidade e a dignidade inviolável do homem, arriscando-se a influir negativamente sobre a sua consciência, sobre as suas decisões, e a condicionar em última análise a liberdade e a própria vida das pessoas. Por este motivo é indispensável que as comunicações sociais defendam ciosamente a pessoa e respeitem plenamente a sua dignidade".E nesse sentido, o pontífice ressalta a necessidade de uma «info-ética» tal como existe a bio-ética no campo da medicina e da pesquisa científica relacionada com a vida:"É preciso evitar que os media se tornem o megafone do materialismo econômico e do relativismo ético, verdadeiras pragas do nosso tempo. Pelo contrário, eles podem e devem contribuir para dar a conhecer a verdade sobre o homem, defendendo-a face àqueles que tendem a negá-la ou a destruí-la. Pode-se mesmo afirmar que a busca e a apresentação da verdade sobre o homem constituem a vocação mais sublime da comunicação social."Trata-se de "uma tarefa grandiosa" _ prossegue o papa _ confiada em primeiro lugar aos responsáveis e operadores do setor. Mas tal tarefa, de algum modo, diz respeito a todos nós, porque todos, nesta época da globalização, somos usuários e operadores de comunicações sociais."O homem tem sede de verdade, anda à procura da verdade; demonstram-no nomeadamente a atenção e o sucesso registrados por muitas publicações, programas ou filmes de qualidade, onde são reconhecidas e bem apresentadas a verdade, a beleza e a grandeza da pessoa, incluindo a sua dimensão religiosa. Jesus disse: «Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará» (Jo 8, 32). A verdade que nos torna livres é Cristo, porque só Ele pode corresponder plenamente à sede de vida e de amor que está no coração do homem."E Bento XVI conclui a mensagem com um auspício: que "não faltem comunicadores corajosos e testemunhas autênticas da verdade... fiéis ao mandato de Cristo e apaixonados pela mensagem da fé". (RL)
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