Bento XVI pede a Raúl Castro que a Sexta-Feira Santa em Cuba seja feriado nacional
HAVANA, 27 Mar. 12 (ACI) .- Durante um encontro pessoal de mais de 40 minutos, o Papa Bento XVI pediu ao Presidente de Cuba Raúl Castro reconhecer a Sexta-Feira Santa como feriado em Cuba por sua importância no calendário dos católicos.
Durante a conversa que se estendeu por mais de 40 minutos, "abordou-se um tema particular: o Papa fez presente (ao Presidente Castro) a importância da Sexta-Feira Santa, pedindo a possibilidade de um reconhecimento deste dia como festivo", disse o P. Lombardi.
O porta-voz da Santa Sé recordou o pedido similar que o Beato João Paulo II apresentou a Fidel Castro em relação ao Natal. Como conseqüência daquele pedido, o governo cubano restabeleceu o 25 de dezembro como feriado nacional. O Natal tinha sido eliminado do calendário depois do triunfo da revolução.
"É obvio que isto algo que fica em mãos das autoridades cubanas, e esperamos uma resposta em um futuro não muito longínquo", disse Pe. Lombardi.
Durante o encontro com Raúl Castro, o Presidente deu de presente ao Papa "uma bela escultura em madeira de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, e o Santo Padre por sua parte deu de presente uma cópia facsimile de um volume antigo da Biblioteca Vaticano que é a tradução latina da Geografia de Ptolomeu, que inclui enriquecimentos cartográficos desde 1400 e a última atualização inclui um mapa do mundo de 1530 no qual já aparece o continente americano e está assinalada a ilha de Cuba".
Bento XVI se reúne com o Raúl Castro em Cuba
HAVANA, 27 Mar. 12 (ACI) .- O Papa Bento XVI se reúne nestes momentos com o presidente de Cuba, Raúl Castro, no Palácio da Revolução em Havana; não se informou quanto durará a reunião.
Logo depois da reunião, Bento XVI terá um encontro e jantar com os bispos cubanos na sede da Nunciatura Apostólica.
Ontem, durante a cerimônia de bem-vinda no Santiago de Cuba, o Papa recordou que a visita do Beato João Paulo II em 1998 inaugurou "uma nova etapa nas relações entre a Igreja e o Estado cubano" mas "ainda restavam muitos aspectos nos quais se pode e deve avançar" como "a contribuição imprescindível que a religião está chamada a desempenhar no âmbito público da sociedade".
Neste primeiro discurso, Bento XVI disse diante de Raúl Castro que chega a Cuba como peregrino da caridade e que leva em seu coração "as justas aspirações e legítimos desejos de todos os cubanos, em qualquer lugar que se encontrem, seus sofrimentos e alegrias, suas preocupações e desejos mais nobres".
Bento XVI propõe verdade e liberdade para mudar Cuba e o mundo
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Na multitudinária Missa na Praça da Revolução de Havana, o Papa Bento XVI propôs as chaves da verdade e a genuína liberdade, cuja fonte é Cristo, para obter as mudanças que necessitam Cuba e o mundo.
Na homilia da Missa a que assiste o presidente cubano Raúl Castro, as autoridades cubanas, os bispos da ilha e outros prelados da América Latina, o Santo Padre assinalou que "Cuba e o mundo precisam de mudanças, mas estas só terão lugar se cada um estiver em condições de se interrogar acerca da verdade e se decidir a enveredar pelo caminho do amor, semeando reconciliação e fraternidade".
O Papa explicou que Deus sempre é próximo ao homem, cuja máxima expressão de amor é Cristo, que "revela-se como o Filho de Deus Pai, o Salvador, o único que pode mostrar a verdade e dar a genuína liberdade".
Em efeito, disse o Pontífice, "a verdade é um anseio do ser humano, e procurá-la supõe sempre um exercício de liberdade autêntica. Muitos, todavia, preferem os atalhos e procuram evitar essa tarefa. Alguns, como Pôncio Pilatos, ironizam sobre a possibilidade de conhecer a verdade, proclamando a incapacidade do homem de alcançá-la ou negando que exista uma verdade para todos".
"Esta atitude, como no caso do ceticismo e do relativismo, produz uma transformação no coração, tornando as pessoas frias, vacilantes, distantes dos demais e fechadas em si mesmas. São pessoas que lavam as mãos, como o governador romano, e deixam correr o rio da história sem se comprometer".
O Papa denunciou logo o fanatismo de quem chega à irracionalidade para procurar a verdade e tentam impor esta perspectiva aos outros, "na realidade, quem age irracionalmente não pode chegar a ser discípulo de Jesus", precisou.
"Fé e razão são necessárias e complementares na busca da verdade. Deus criou o homem com uma vocação inata para a verdade e, por isso, dotou-o de razão. Certamente não é a irracionalidade que promove a fé cristã, mas a ânsia da verdade. Todo o ser humano deve perscrutar a verdade e optar por ela quando a encontra, mesmo correndo o risco de enfrentar sacrifícios".
Além disso, prosseguiu o Santo Padre, "a verdade sobre o homem é um pressuposto imprescindível para alcançar a liberdade, porque nela descobrimos os fundamentos duma ética com que todos se podem confrontar, e que contém formulações claras e precisas sobre a vida e a morte, os deveres e direitos, o matrimônio, a família e a sociedade, enfim sobre a dignidade inviolável do ser humano".
Este patrimônio ético, explicou, "é o que pode aproximar todas as culturas, povos e religiões, as autoridades e os cidadãos, os cidadãos entre si, os crentes em Cristo com aqueles que não crêem Nele.".
O Papa Bento XVI falou depois: "Queridos amigos, não hesiteis em seguir Jesus Cristo. Nele encontramos a verdade sobre Deus e sobre o homem. Ajuda-nos a superar os nossos egoísmos, a sair das nossas ambições e a vencer o que nos oprime. Aquele que pratica o mal, aquele que comete pecado é escravo do pecado e nunca alcançará a liberdade. Somente renunciando ao ódio e ao nosso coração endurecido e cego é que seremos livres, e uma vida nova germinará em nós.".
O Papa se referiu logo ao direito humano à liberdade religiosa, "que consiste em poder proclamar e celebrar mesmo publicamente a fé, comunicando a mensagem de amor, reconciliação e paz que Jesus trouxe ao mundo".
Depois de reconhecer "com alegria os passos que se têm realizado em Cuba para que a Igreja cumpra a sua irrenunciável missão de anunciar, publica e abertamente, a sua fé.", o Papa disse que "entretanto é preciso avançar ulteriormente. E desejo encorajar as instâncias governamentais da Nação a reforçarem aquilo que já foi alcançado e a prosseguirem por este caminho de genuíno serviço ao bem comum de toda a sociedade cubana".
"O direito à liberdade religiosa, tanto na sua dimensão individual como comunitária, manifesta a unidade da pessoa humana, que é simultaneamente cidadão e crente, e legitima também que os crentes prestem a sua contribuição para a construção da sociedade", ressaltou.
Bento XVI explicou que "quando a Igreja põe em relevo este direito, não está a reclamar qualquer privilégio. Pretende apenas ser fiel ao mandato do seu Fundador divino, consciente de que, onde se torna presente Cristo, o homem cresce em humanidade e encontra a sua consistência".
"Por isso, a Igreja procura dar este testemunho na sua pregação e no seu ensino, tanto na catequese como nos ambientes formativos e universitários. Esperemos que também aqui chegue brevemente o momento em que a Igreja possa levar aos diversos campos do saber os benefícios da missão que o seu Senhor lhe confiou e que ela não pode jamais negligenciar".
O Papa se referiu logo ao legado do Padre da Pátria Cubana, o sacerdote Félix Varela cuja causa de beatificação está em processo e "que passou à história de Cuba como o primeiro que ensinou a pensar a seu povo".
"O padre Varela indica-nos o caminho para uma verdadeira transformação social: formar homens virtuosos para forjar uma nação digna e livre, já que esta transformação dependerá da vida espiritual do homem; de fato, «não há pátria sem virtude»".
Finalmente e depois de invocar o amparo da Virgem Maria que em Cuba veneram sob o nome da Virgem do Cobre, o Santo Padre alentou a caminhar "na luz de Cristo, que pode dissipar as trevas do erro. Supliquemos-Lhe que, com o valor e o vigor dos santos, cheguemos a dar uma resposta livre, generosa e coerente a Deus, sem medos nem rancores."
Bento XVI conhece a sua "madrinha espiritual" em Santiago de Cuba
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Ao iniciar a jornada desta terça-feira com uma Missa privada em Santiago de Cuba, o Papa Bento XVI conheceu pessoalmente a uma religiosa da Índia que foi sua "madrinha espiritual" durante 20 anos.
O Santo Padre celebrou a Missa privada antes de partir para o Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre. Na Missa participaram umas 10 religiosas da rama contemplativa das Missionárias da Caridade, fundadas pela Beata Teresa de Calcutá.
Ao finalizar a celebração eucarística, o Arcebispo de Santiago de Cuba, Dom Dionisio García, apresentou ao Santo Padre a religiosa indiana Teresa Kereketa, que seguindo a prática de sua congregação, há 20 anos recebeu a tarefa de orar diariamente por um sacerdote específico, convertendo-se assim na sua "madrinha espiritual". O sacerdote que recebeu sob tutela espiritual foi o Cardeal Joseph Ratzinger.
Durante o emotivo encontro, seguindo a tradição da Índia, a religiosa apresentou ao Santo Padre uma coroa de flores. "O Papa esteve muito comovido por conhecer esta religiosa", explicou durante uma conferência de imprensa o porta-voz da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi.
Igreja em Cuba atende os idosos com mais de 7 mil voluntários
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Com mais de 7 mil voluntários nas 11 dioceses de Cuba, a Igreja Católica neste país serve a milhares de idosos que constituem quase 20 por cento de uma população que cresce cada vez menos.
Robyn Fieser a diretora do Catholic Relief Service (CRS) para a América Latina e o Caribe. A CRS faz parte da rede internacional da Cáritas que atua em diversos países.
Em um artigo escrito para a agência catholicnewsagency, do grupo ACI, enquanto está em Cuba pela visita do Papa Bento XVI, Fieser explica que os milhares de voluntários servem os anciãos como uma prioridade há mais de 20 anos.
A Cáritas Cubana apóia 400 grupos que administram refeitórios populares, às vezes nas casas dos voluntários se é que não há instalações da Igreja, além de proporcionar aos idosos o serviço de lavagem de roupa.
"Ajudá-los a cobrir suas necessidades básicas é uma das coisas que fazemos mas também buscamos criar espaços para que eles possam compartilhar com outras pessoas os mesmos interesses", conta a diretora da Cáritas Cubana, Maritza Sánchez. "Queremos envolvê-los, e assim mudar seu estilo de vida para que descubram seu potencial", acrescenta.
Fieser esteve no refeitório da paróquia San Agustín onde conversou com Juana Martínez, de 87 anos. Ela comentou que almoça nesse lugar três vezes por semana há 12 anos e que recebe ajuda para cobrir seus gastos que não é capaz de fazê-lo com a pensão de 8 dólares que recebe após 30 anos de trabalho.
"A luta é o que faz a vida formosa", afirma a idosa. Para a mulher que dirige ali o refeitório, Mercedes Hernández Valdez, de 68 anos e que enviuvou recentemente, a família da Igreja também é muito importante.
A filha da Mercedes deixou Cuba faz mais de 25 anos. Ela pôde vê-la em 2010 pela primeira vez depois de 19 anos. Durante estes dias ela passa muito tempo na Igreja de San Agustín.
Mercedes explica que conhece todos os que comem ali por seu nome, seus endereços e como terminaram indo ali e o que cada um está necessitando.
Mercedes os atende e quando pode lhes dá de presente sapatos, sabão (que já não se entrega nas bolsas do estado) ou às vezes um lençol.
O Papa Bento XVI intercedeu pelos dissidentes, revela o Pe. Lombardi
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Durante a conferência de imprensa presidida no Hotel Nacional de Havana, o Pe. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé assinalou que a situação dos dissidentes cubanos, especialmente aqueles na prisão, foi abordada pelo Papa Bento XVI durante seu encontro com o presidente Raúl Castro.
"A temática dos pedidos de caráter humanitário recebidos pela Santa Sé (de parte dos dissidentes cubanos) foi abordada (durante o encontro) mas não tenho detalhes sobre como foi abordada", assinalou o Pe. Lombardi.
"Confirmo que foi uma temática abordada no encontro pessoal (com o Raúl Castro), mas não tenho nenhuma informação sobre nomes específicos", respondeu o porta-voz do Vaticano a uma pergunta sobre se a Santa Sé tinha apresentado uma lista concreta de dissidentes prisioneiros e especificamente se na lista se encontrava o norte-americano Alan Ross.
Ross, é um norte-americano que procurava ajudar a comunidade judia na ilha proporcionando-lhes meios técnicos independentes para acessar a Internet, encontra-se na prisão, condenado por espionagem.
O Pe. Lombardi recordou também que a delegação da Santa Sé intercedeu a favor do dissidente que gritou "Liberdade!" durante a Missa presidida pelo Pontífice no Santiago de Cuba na segunda-feira; mas assinalou que não pode dar detalhes a respeito. "Nosso interesse pela pessoa e por seu estado existe", colocou o sacerdote.
O clamor dos dissidentes, explicou o porta-voz do Vaticano "certamente está presente no coração do Santo Padre"; e explicou que concretizar um encontro com grupos de dissidentes como as "Damas de Branco" foi impossível por ser uma apertada viagem.
"Recordemos que nesta viagem o Papa não se reuniu nem mesmo com grupos especificamente católicos: não houve encontro com seminaristas, ou com sacerdotes, ou com religiosas, ou com leigos comprometidos. Simplesmente não foi possível incluir na visita nenhum grupo específico dentro ou fora da Igreja".
Entretanto, o Pe. Lombardi destacou que "quando o Papa fala, tem presente o sofrimento destas pessoas. Não por acaso o Papa fala das expectativas de todos os cubanos, em suas diversas e específicas circunstâncias. Se vocês escutarem os discursos poderão ver vocês mesmos a recepção do Papa às mensagens chegadas (de parte dos dissidentes) e como reage a estas perspectivas".
Peregrinos visitam lugares sagrados em Havana pela visita do Papa
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Com a visita do Papa Bento XVI a Cuba, milhares de peregrinos de distintos lugares como os Estados Unidos, República Dominicana e Porto Rico, visitam os lugares sagrados de Havana.
Os peregrinos participaram, por exemplo, em distintas Missas presididas pelo Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega y Alamino, na Catedral desta cidade, caracterizada por sua fachada de estilo europeu e as paredes interiores recobertas com pinturas, afrescos e imagens de Santos..
Construída pelos jesuítas em meados de 1700, a Catedral se localiza na antiga área pantanosa conhecida como a Praça do Pântano. Sua história e beleza atraem a admiração de numerosos peregrinos que em muitos casos, visitam Cuba pela primeira vez.
Não muito longe da Praça da Revolução, onde o Papa celebrará uma Missa em 28 de março, encontra-se o Cemitério de Cristóvão Colombo, chamado assim em comemoração ao descobridor da América, e aonde também vão os peregrinos chegados a Cuba para participar da visita de Bento XVI.
Construído na década de 1870, o cemitério está construído com mármore de distintas partes do mundo e tem um triplo arco à entrada.
Mais de um milhão de pessoas estão enterradas neste cemitério, incluindo o Cardeal Manuel Arteaga y Betancourt, Arcebispo de Havana, o presidente cubano José Miguel Gómez, entre outros.
O cemitério está localizado no centro da cidade que o Papa Bento XVI está visitando e onde presidirá hoje a Santa Missa na Praça da Revolução.
HAVANA, 27 Mar. 12 (ACI) .- Durante um encontro pessoal de mais de 40 minutos, o Papa Bento XVI pediu ao Presidente de Cuba Raúl Castro reconhecer a Sexta-Feira Santa como feriado em Cuba por sua importância no calendário dos católicos.
Durante a conversa que se estendeu por mais de 40 minutos, "abordou-se um tema particular: o Papa fez presente (ao Presidente Castro) a importância da Sexta-Feira Santa, pedindo a possibilidade de um reconhecimento deste dia como festivo", disse o P. Lombardi.
O porta-voz da Santa Sé recordou o pedido similar que o Beato João Paulo II apresentou a Fidel Castro em relação ao Natal. Como conseqüência daquele pedido, o governo cubano restabeleceu o 25 de dezembro como feriado nacional. O Natal tinha sido eliminado do calendário depois do triunfo da revolução.
"É obvio que isto algo que fica em mãos das autoridades cubanas, e esperamos uma resposta em um futuro não muito longínquo", disse Pe. Lombardi.
Durante o encontro com Raúl Castro, o Presidente deu de presente ao Papa "uma bela escultura em madeira de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, e o Santo Padre por sua parte deu de presente uma cópia facsimile de um volume antigo da Biblioteca Vaticano que é a tradução latina da Geografia de Ptolomeu, que inclui enriquecimentos cartográficos desde 1400 e a última atualização inclui um mapa do mundo de 1530 no qual já aparece o continente americano e está assinalada a ilha de Cuba".
Bento XVI se reúne com o Raúl Castro em Cuba
HAVANA, 27 Mar. 12 (ACI) .- O Papa Bento XVI se reúne nestes momentos com o presidente de Cuba, Raúl Castro, no Palácio da Revolução em Havana; não se informou quanto durará a reunião.
Logo depois da reunião, Bento XVI terá um encontro e jantar com os bispos cubanos na sede da Nunciatura Apostólica.
Ontem, durante a cerimônia de bem-vinda no Santiago de Cuba, o Papa recordou que a visita do Beato João Paulo II em 1998 inaugurou "uma nova etapa nas relações entre a Igreja e o Estado cubano" mas "ainda restavam muitos aspectos nos quais se pode e deve avançar" como "a contribuição imprescindível que a religião está chamada a desempenhar no âmbito público da sociedade".
Neste primeiro discurso, Bento XVI disse diante de Raúl Castro que chega a Cuba como peregrino da caridade e que leva em seu coração "as justas aspirações e legítimos desejos de todos os cubanos, em qualquer lugar que se encontrem, seus sofrimentos e alegrias, suas preocupações e desejos mais nobres".
Bento XVI propõe verdade e liberdade para mudar Cuba e o mundo
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Na multitudinária Missa na Praça da Revolução de Havana, o Papa Bento XVI propôs as chaves da verdade e a genuína liberdade, cuja fonte é Cristo, para obter as mudanças que necessitam Cuba e o mundo.
Na homilia da Missa a que assiste o presidente cubano Raúl Castro, as autoridades cubanas, os bispos da ilha e outros prelados da América Latina, o Santo Padre assinalou que "Cuba e o mundo precisam de mudanças, mas estas só terão lugar se cada um estiver em condições de se interrogar acerca da verdade e se decidir a enveredar pelo caminho do amor, semeando reconciliação e fraternidade".
O Papa explicou que Deus sempre é próximo ao homem, cuja máxima expressão de amor é Cristo, que "revela-se como o Filho de Deus Pai, o Salvador, o único que pode mostrar a verdade e dar a genuína liberdade".
Em efeito, disse o Pontífice, "a verdade é um anseio do ser humano, e procurá-la supõe sempre um exercício de liberdade autêntica. Muitos, todavia, preferem os atalhos e procuram evitar essa tarefa. Alguns, como Pôncio Pilatos, ironizam sobre a possibilidade de conhecer a verdade, proclamando a incapacidade do homem de alcançá-la ou negando que exista uma verdade para todos".
"Esta atitude, como no caso do ceticismo e do relativismo, produz uma transformação no coração, tornando as pessoas frias, vacilantes, distantes dos demais e fechadas em si mesmas. São pessoas que lavam as mãos, como o governador romano, e deixam correr o rio da história sem se comprometer".
O Papa denunciou logo o fanatismo de quem chega à irracionalidade para procurar a verdade e tentam impor esta perspectiva aos outros, "na realidade, quem age irracionalmente não pode chegar a ser discípulo de Jesus", precisou.
"Fé e razão são necessárias e complementares na busca da verdade. Deus criou o homem com uma vocação inata para a verdade e, por isso, dotou-o de razão. Certamente não é a irracionalidade que promove a fé cristã, mas a ânsia da verdade. Todo o ser humano deve perscrutar a verdade e optar por ela quando a encontra, mesmo correndo o risco de enfrentar sacrifícios".
Além disso, prosseguiu o Santo Padre, "a verdade sobre o homem é um pressuposto imprescindível para alcançar a liberdade, porque nela descobrimos os fundamentos duma ética com que todos se podem confrontar, e que contém formulações claras e precisas sobre a vida e a morte, os deveres e direitos, o matrimônio, a família e a sociedade, enfim sobre a dignidade inviolável do ser humano".
Este patrimônio ético, explicou, "é o que pode aproximar todas as culturas, povos e religiões, as autoridades e os cidadãos, os cidadãos entre si, os crentes em Cristo com aqueles que não crêem Nele.".
O Papa Bento XVI falou depois: "Queridos amigos, não hesiteis em seguir Jesus Cristo. Nele encontramos a verdade sobre Deus e sobre o homem. Ajuda-nos a superar os nossos egoísmos, a sair das nossas ambições e a vencer o que nos oprime. Aquele que pratica o mal, aquele que comete pecado é escravo do pecado e nunca alcançará a liberdade. Somente renunciando ao ódio e ao nosso coração endurecido e cego é que seremos livres, e uma vida nova germinará em nós.".
O Papa se referiu logo ao direito humano à liberdade religiosa, "que consiste em poder proclamar e celebrar mesmo publicamente a fé, comunicando a mensagem de amor, reconciliação e paz que Jesus trouxe ao mundo".
Depois de reconhecer "com alegria os passos que se têm realizado em Cuba para que a Igreja cumpra a sua irrenunciável missão de anunciar, publica e abertamente, a sua fé.", o Papa disse que "entretanto é preciso avançar ulteriormente. E desejo encorajar as instâncias governamentais da Nação a reforçarem aquilo que já foi alcançado e a prosseguirem por este caminho de genuíno serviço ao bem comum de toda a sociedade cubana".
"O direito à liberdade religiosa, tanto na sua dimensão individual como comunitária, manifesta a unidade da pessoa humana, que é simultaneamente cidadão e crente, e legitima também que os crentes prestem a sua contribuição para a construção da sociedade", ressaltou.
Bento XVI explicou que "quando a Igreja põe em relevo este direito, não está a reclamar qualquer privilégio. Pretende apenas ser fiel ao mandato do seu Fundador divino, consciente de que, onde se torna presente Cristo, o homem cresce em humanidade e encontra a sua consistência".
"Por isso, a Igreja procura dar este testemunho na sua pregação e no seu ensino, tanto na catequese como nos ambientes formativos e universitários. Esperemos que também aqui chegue brevemente o momento em que a Igreja possa levar aos diversos campos do saber os benefícios da missão que o seu Senhor lhe confiou e que ela não pode jamais negligenciar".
O Papa se referiu logo ao legado do Padre da Pátria Cubana, o sacerdote Félix Varela cuja causa de beatificação está em processo e "que passou à história de Cuba como o primeiro que ensinou a pensar a seu povo".
"O padre Varela indica-nos o caminho para uma verdadeira transformação social: formar homens virtuosos para forjar uma nação digna e livre, já que esta transformação dependerá da vida espiritual do homem; de fato, «não há pátria sem virtude»".
Finalmente e depois de invocar o amparo da Virgem Maria que em Cuba veneram sob o nome da Virgem do Cobre, o Santo Padre alentou a caminhar "na luz de Cristo, que pode dissipar as trevas do erro. Supliquemos-Lhe que, com o valor e o vigor dos santos, cheguemos a dar uma resposta livre, generosa e coerente a Deus, sem medos nem rancores."
Bento XVI conhece a sua "madrinha espiritual" em Santiago de Cuba
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Ao iniciar a jornada desta terça-feira com uma Missa privada em Santiago de Cuba, o Papa Bento XVI conheceu pessoalmente a uma religiosa da Índia que foi sua "madrinha espiritual" durante 20 anos.
O Santo Padre celebrou a Missa privada antes de partir para o Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre. Na Missa participaram umas 10 religiosas da rama contemplativa das Missionárias da Caridade, fundadas pela Beata Teresa de Calcutá.
Ao finalizar a celebração eucarística, o Arcebispo de Santiago de Cuba, Dom Dionisio García, apresentou ao Santo Padre a religiosa indiana Teresa Kereketa, que seguindo a prática de sua congregação, há 20 anos recebeu a tarefa de orar diariamente por um sacerdote específico, convertendo-se assim na sua "madrinha espiritual". O sacerdote que recebeu sob tutela espiritual foi o Cardeal Joseph Ratzinger.
Durante o emotivo encontro, seguindo a tradição da Índia, a religiosa apresentou ao Santo Padre uma coroa de flores. "O Papa esteve muito comovido por conhecer esta religiosa", explicou durante uma conferência de imprensa o porta-voz da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi.
Igreja em Cuba atende os idosos com mais de 7 mil voluntários
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Com mais de 7 mil voluntários nas 11 dioceses de Cuba, a Igreja Católica neste país serve a milhares de idosos que constituem quase 20 por cento de uma população que cresce cada vez menos.
Robyn Fieser a diretora do Catholic Relief Service (CRS) para a América Latina e o Caribe. A CRS faz parte da rede internacional da Cáritas que atua em diversos países.
Em um artigo escrito para a agência catholicnewsagency, do grupo ACI, enquanto está em Cuba pela visita do Papa Bento XVI, Fieser explica que os milhares de voluntários servem os anciãos como uma prioridade há mais de 20 anos.
A Cáritas Cubana apóia 400 grupos que administram refeitórios populares, às vezes nas casas dos voluntários se é que não há instalações da Igreja, além de proporcionar aos idosos o serviço de lavagem de roupa.
"Ajudá-los a cobrir suas necessidades básicas é uma das coisas que fazemos mas também buscamos criar espaços para que eles possam compartilhar com outras pessoas os mesmos interesses", conta a diretora da Cáritas Cubana, Maritza Sánchez. "Queremos envolvê-los, e assim mudar seu estilo de vida para que descubram seu potencial", acrescenta.
Fieser esteve no refeitório da paróquia San Agustín onde conversou com Juana Martínez, de 87 anos. Ela comentou que almoça nesse lugar três vezes por semana há 12 anos e que recebe ajuda para cobrir seus gastos que não é capaz de fazê-lo com a pensão de 8 dólares que recebe após 30 anos de trabalho.
"A luta é o que faz a vida formosa", afirma a idosa. Para a mulher que dirige ali o refeitório, Mercedes Hernández Valdez, de 68 anos e que enviuvou recentemente, a família da Igreja também é muito importante.
A filha da Mercedes deixou Cuba faz mais de 25 anos. Ela pôde vê-la em 2010 pela primeira vez depois de 19 anos. Durante estes dias ela passa muito tempo na Igreja de San Agustín.
Mercedes explica que conhece todos os que comem ali por seu nome, seus endereços e como terminaram indo ali e o que cada um está necessitando.
Mercedes os atende e quando pode lhes dá de presente sapatos, sabão (que já não se entrega nas bolsas do estado) ou às vezes um lençol.
O Papa Bento XVI intercedeu pelos dissidentes, revela o Pe. Lombardi
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Durante a conferência de imprensa presidida no Hotel Nacional de Havana, o Pe. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé assinalou que a situação dos dissidentes cubanos, especialmente aqueles na prisão, foi abordada pelo Papa Bento XVI durante seu encontro com o presidente Raúl Castro.
"A temática dos pedidos de caráter humanitário recebidos pela Santa Sé (de parte dos dissidentes cubanos) foi abordada (durante o encontro) mas não tenho detalhes sobre como foi abordada", assinalou o Pe. Lombardi.
"Confirmo que foi uma temática abordada no encontro pessoal (com o Raúl Castro), mas não tenho nenhuma informação sobre nomes específicos", respondeu o porta-voz do Vaticano a uma pergunta sobre se a Santa Sé tinha apresentado uma lista concreta de dissidentes prisioneiros e especificamente se na lista se encontrava o norte-americano Alan Ross.
Ross, é um norte-americano que procurava ajudar a comunidade judia na ilha proporcionando-lhes meios técnicos independentes para acessar a Internet, encontra-se na prisão, condenado por espionagem.
O Pe. Lombardi recordou também que a delegação da Santa Sé intercedeu a favor do dissidente que gritou "Liberdade!" durante a Missa presidida pelo Pontífice no Santiago de Cuba na segunda-feira; mas assinalou que não pode dar detalhes a respeito. "Nosso interesse pela pessoa e por seu estado existe", colocou o sacerdote.
O clamor dos dissidentes, explicou o porta-voz do Vaticano "certamente está presente no coração do Santo Padre"; e explicou que concretizar um encontro com grupos de dissidentes como as "Damas de Branco" foi impossível por ser uma apertada viagem.
"Recordemos que nesta viagem o Papa não se reuniu nem mesmo com grupos especificamente católicos: não houve encontro com seminaristas, ou com sacerdotes, ou com religiosas, ou com leigos comprometidos. Simplesmente não foi possível incluir na visita nenhum grupo específico dentro ou fora da Igreja".
Entretanto, o Pe. Lombardi destacou que "quando o Papa fala, tem presente o sofrimento destas pessoas. Não por acaso o Papa fala das expectativas de todos os cubanos, em suas diversas e específicas circunstâncias. Se vocês escutarem os discursos poderão ver vocês mesmos a recepção do Papa às mensagens chegadas (de parte dos dissidentes) e como reage a estas perspectivas".
Peregrinos visitam lugares sagrados em Havana pela visita do Papa
HAVANA, 28 Mar. 12 (ACI) .- Com a visita do Papa Bento XVI a Cuba, milhares de peregrinos de distintos lugares como os Estados Unidos, República Dominicana e Porto Rico, visitam os lugares sagrados de Havana.
Os peregrinos participaram, por exemplo, em distintas Missas presididas pelo Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega y Alamino, na Catedral desta cidade, caracterizada por sua fachada de estilo europeu e as paredes interiores recobertas com pinturas, afrescos e imagens de Santos..
Construída pelos jesuítas em meados de 1700, a Catedral se localiza na antiga área pantanosa conhecida como a Praça do Pântano. Sua história e beleza atraem a admiração de numerosos peregrinos que em muitos casos, visitam Cuba pela primeira vez.
Não muito longe da Praça da Revolução, onde o Papa celebrará uma Missa em 28 de março, encontra-se o Cemitério de Cristóvão Colombo, chamado assim em comemoração ao descobridor da América, e aonde também vão os peregrinos chegados a Cuba para participar da visita de Bento XVI.
Construído na década de 1870, o cemitério está construído com mármore de distintas partes do mundo e tem um triplo arco à entrada.
Mais de um milhão de pessoas estão enterradas neste cemitério, incluindo o Cardeal Manuel Arteaga y Betancourt, Arcebispo de Havana, o presidente cubano José Miguel Gómez, entre outros.
O cemitério está localizado no centro da cidade que o Papa Bento XVI está visitando e onde presidirá hoje a Santa Missa na Praça da Revolução.
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