Com
o objetivo de oferecer cuidados às pessoas que estão sofrendo após o
envolvimento na prática do aborto, foi fundado, em 1984, nos Estados
Unidos, o Projeto Raquel. Para a implementação do projeto no Brasil, a
pedido de algumas as dioceses locais e com o acompanhamento e o apoio
da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família (CEPVF), durante
estes dias realiza-se um treinamento com conselheiros e profissionais
voluntários. A convite do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para
a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
dom João Carlos Petrini, a diretora teológica e terapeuta do projeto,
Isaura Cunha, veio dos Estados Unidos, para trazer o projeto para o
Brasil.
O Projeto Raquel consiste em uma rede de
pessoas – entre médicos, psicólogos, sacerdotes, conselheiros leigos e
outros –, que prestam ajuda a mulheres, homens e seus familiares que se
envolveram com o aborto. Para tal, é dado um treinamento a esses
voluntários. No Brasil, o treinamento foi realizado em São Paulo (SP) e
Salvador (BA), onde o projeto já foi implementado, e, em Brasília, está
em fase de implantação. Em breve, Rio de Janeiro também terá o
treinamento.
“O
objetivo deste projeto é trabalhar com mulheres pós-aborto, não é um
trabalho de prevenção, não é um trabalho de educação, é trabalho de
luto, essencialmente. O projeto Raquel só trabalha com mulheres que já
passaram pelo aborto”, elucida Isaura Cunha.
O Projeto Raquel é um trabalho realizado
nas dioceses, para tal, deve ser aceito e aprovado pelo respectivo
bispo, esclarece Isaura. A diretora ainda afirma que é realizado por
profissionais. “Nós realizamos o trabalho com sacerdotes e profissionais
de saúde mental, mas também convidamos todos os tipos de profissionais.
É um trabalho integrado. Os leigos também são parte importante no
projeto, pois são eles que têm mais contato com essas mulheres no dia a
dia”, explica.
Isaura revela que muitas mulheres, que
já fizeram aborto, através dos anos, manifestam diferentes sintomas
psicológicos. “Muitas delas levam anos até pedirem ajuda. Na maioria dos
casos são pessoas que já têm esse problema há 20 ou 25 anos e nunca
conseguiram absorver. É raro termos uma pessoa que teve um aborto há um
ou dois meses. É um segredo muito profundo, e as pessoas costumam manter
isso por muitos anos; sofrem com esse segredo em nível moral e
psicológico. Quando as mulheres pedem ajuda significa que o psicológico e
espiritual já foram afetados, o que é grave”, relata.
Uma
das características do trabalho realizado pelo Projeto Raquel é o
extremo sigilo. “Nós temos que respeitar a dignidade dessa mulher, e
temos muito cuidado em não expor essa mulher, publicamente. Todos os
sacerdotes que pertencem ao projeto, também não têm os nomes
divulgados”, afirma.
Sobre o nome “Raquel”, que batiza o
projeto, Isaura explica que tem origem na figura bíblica de Raquel. “Ela
aparece no livro do Gênesis como ‘A mãe das doze tribos’, depois nós
encontramos Raquel no livro de Jeremias, quando ela perde seus filhos em
tempo de exílio na Babilônia. Raquel sofre com essa mágoa de ter
perdido os filhos, e só consegue se reconciliar consigo mesma, quando
Deus vem ao encontro dela. Raquel passa por esse processo de
misericórdia de Deus. Portanto, estas mulheres têm exatamente esse
processo”, disse.
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