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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O que causa tanta violência? Veja comentários de um sociólogo



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O sociólogo José Maurício Cardoso do Rego defende um pacto civilizatório entre todas as instituições sociais para sanar problemas como a violência
A onda de violência em São Paulo nas últimas semanas vem preocupando os cidadãos. Diante de tantos assassinatos e de tanta barbárie, a população pára e se pergunta: por que tanta violência? Será que as pessoas ainda se sensibilizam com ações violentas ou isso já se tornou normal? O que atrai tanto os jovens para o crime? O que a sociedade deve fazer para driblar a violência?

A resposta para tais perguntas está em uma percepção da vida social, que é resultante daquilo que a pessoa encontra em termos reais de sobrevivência. E a sobrevivência hoje enfrenta não só a violência, mas também problemas educacionais, desigualdade, o preconceito racial e de classe entre outros.

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De acordo com o sociólogo José Maurício Cardoso Rego, que atua na Universidade de Taubaté (Unitau), esses problemas que afetam a realidade geram um desconforto, que vem acompanhado por uma resposta inadequada da pessoa diante daquilo que não favorece a sua dignidade.

“É preciso estabelecer esse parâmetro da percepção de mundo e da existência real da pessoa para que se compreenda essa projeção da violência. A violência geralmente é uma resposta inadequada que uma pessoa dá diante de uma situação que ela não consegue compreender”.

E a sociedade constata que, de fato, algumas ações criminosas às vezes são motivadas em virtude de algum problema social. Contudo, de acordo com o que escreveu o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, em mensagem escrita por ocasião da onda de violência em São Paulo, isso não é uma justificativa para o crime, .

“Ao mesmo tempo que me solidarizo com as pessoas que são vítimas dessa onda de violência e faço minha a dor de cada uma, não posso deixar de desaprovar o recurso à violência para a solução de conflitos ou para a afirmação de interesses. Faço um apelo veemente à calma e à reflexão, para que se desarmem os espíritos e se deixem de lado as armas de morte!”

Comportamento da sociedade

E como a sociedade se comporta diante de tantas respostas inadequadas? Maurício explicou que, para fazer essa análise sob o ponto de vista sociológico, é necessário entender o termo “anomia”, proposto pelo sociólogo Émile Durkheim, e que diz respeito à questão da indiferença.

“A violência se tornou tão banalizada para nós brasileiros que nós colocamos pouca atenção nessa situação. Então essa anomia começa a fazer parte do nosso dia-a-dia, nos distanciamos do Estado, das pessoas, dos companheiros de vida social e só somos alertados quando esse problema se torna grave demais ou foge ao controle de qualquer situação”.

Igreja e família

E se há fatores que levam à violência, a sociedade também conta com instituições de base, que determinam a compreensão social por parte da pessoa. Duas dessas instituições são a família e a Igreja.

Para o sociólogo, hoje existe uma descaracterização de ambas as instituições, o que foi causado pelo subjetivismo: “cada um enxerga a religião do jeito que quer, cada um enxerga a família como lhe deseja”.

E a falta desses elementos norteadores, segundo Maurício, acaba deixando a pessoa sem um respaldo moral de enfrentamento ou de interpretação da própria realidade. Dessa forma, os elementos que freavam a violência passam a segundo plano, o que também tem consequências.

“O resultado disso é que as pessoas, à medida que se tornam menos religiosas ou menos protegidas pela família, tendem automaticamente a se tornarem mais violentas”.

O que a sociedade deve fazer?

Para além da falta de religiosidade e descaracterização da família, outro fator que preocupa é a falta de perspectiva de futuro, fator citado por Maurício como um dos que levam o jovem à criminalidade. “Esse jovem, na verdade, deveria estar em um processo educacional. Ele não está e se está, é muito mal formado, as perspectivas são muito limitadas”.

E para que a sociedade consiga driblar esses problemas, Maurício acredita em um acordo social. "Seria necessário um pacto civilizatório entre todas as instituições que compõem a sociedade de maneira geral, trazendo a essa responsabilidade o Estado". A não-existência desse acordo, desse consenso na vida social, segundo ele, ocasiona vítimas, "como infelizmente temos percebido na sociedade paulista nesses últimos 30, 40 dias".

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