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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Assembleia da 5ª SSB concluída com apresentação de carta compromisso

AssembleiaSSB2013
Após um processo iniciado em 2011, com a participação das diversas comunidades de norte a sul do país, foi concluída hoje, 5 de setembro, em Brasília (DF) a Assembleia da 5ª Semana Social Brasileira (SSB). O evento, iniciado na última segunda-feira, reuniu cerca de 250 pessoas, delegados dos Regionais da CNBB, das pastorais e movimentos sociais. Após o debate do tema “Estado para quê e para quem?”, os participantes reafirmaram, em carta compromisso, o desejo de refundação de um Estado, com as marcas da inclusão e da igualdade social.
“Este foi um processo que contribui muito com a construção do Estado que a nação brasileira espera. Nós entendemos a necessidade da existência do Estado, mas criticamos o que está aí. E entendemos que a participação popular é fundamental para a construção desse Estado do Bem Viver”, explica dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB.
A Reforma Política foi vista pelos participantes da SSB como fundamental para reforçar a democracia direta, participativa e representativa. A carta compromisso, entretanto, não é dirigida aos agentes do Estado, como explica o padre Nelito Dornelas, coordenador da Semana Social. “Nós não estamos nos dirigindo nessa carta ao governo, mas a nós mesmos. São os movimentos sociais, as comunidades de base, tomando consciência de seu papel na construção de um novo Estado”.
Carta compromisso
O texto foi construído com as colaborações das oficinas realizadas durante a Assembleia, que partiu do resultado dos debates realizados nos seminários regionais. O consenso foi que o protagonismo dos movimentos sociais é fundamental no processo de Reforma Política. Os participantes também assumiram o apoio à Campanha de defesa dos Territórios Pesqueiros.


Carta compromisso da 5ª Semana Social Brasileira

bunner
A assembleia da 5ª Semana Social, promovida pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida no Centro Cultural de Brasília-DF, de 2 a 5 de setembro de 2013, analisou a realidade brasileira e global, escutou os clamores populares e celebrou a caminhada dos movimentos sociais e das igrejas, na defesa e na promoção da vida.
Este processo, que acontece há vinte anos, tem contribuído no debate com a sociedade para proposições de iniciativas para a superação das desigualdades sociais e regionais.
É um esforço conjunto das organizações sociais na defesa dos direitos humanos e da natureza como expressão da solidariedade e da profecia cristã.
É exigência da fé, amar a Deus e ir ao encontro do outro, sobretudo, dos pobres e necessitados. Pois “os pobres são os juízes da vida democrática de uma nação” (Exigências Éticas da Ordem Democrática, nº 72, CNBB, Doc nº 42, 1989).
As manifestações de rua que acontecem no país desde junho deixam um alerta para a sociedade. Não é mais possível negar os direitos e a participação dos cidadãos/as invisibilizados/as.
O modelo desenvolvimentista assumido pelo Estado Brasileiro atual, baseado em políticas compensatórias, submete a nação às determinações da mundialização neoliberal em crise, reprimariza a economia, explorando os bens naturais e humanos para a exportação, transformando-os em commodities. Este modelo viola o direito dos povos e ameaça a vida do planeta, impactando as comunidades rurais e urbanas, as classes trabalhadoras e a população em geral.
A 5ª Semana Social Brasileira, ao debater sobre o Estado para que e para quem, procurou dar vez e voz ao conjunto da sociedade, bem como dos povos e comunidades impactadas pelas políticas do Estado, em sintonia com os clamores das ruas e suas reivindicações. Estes são novos sujeitos políticos no processo de construção da sociedade e do Estado do Bem Viver, conviver, pertencer e ser. Seus fundamentos são a solidariedade, a fraternidade e a sustentabilidade para garantir vida plena às gerações presentes e futuras.
Reconhecemos os avanços que a sociedade conquistou nas últimas décadas, conscientes de que essas vitórias estão ameaçadas pelo desmonte constitucional. Por isso, comprometemos-nos na refundação de um Estado de inclusão e de igualdade social. O protagonismo dos movimentos sociais garantirá um Estado que se fundamente na democracia direta, participativa e representativa. Acreditamos nos sinais de esperança presentes na sociedade e nas igrejas que apontam para um novo Estado e uma nova sociedade.
Para construir o Estado que queremos, assumimos os seguintes compromissos:
1) Defender o trabalho para todos/as. Trabalho digno e não precarizado. Nenhum direito a menos. Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução dos salários como repartição dos abusivos ganhos de produtividade do capital. Reaparelhamento do aparato fiscalizador do Ministério do trabalho. Fortalecer a Economia Popular Solidária como uma política de Estado.
2) Promover a formação para a cidadania, apoiando a proposta da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas e da convocação de um plebiscito para uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva. Participar da campanha saúde +10; 10% do orçamento da União para a educação e os demais direitos sociais; contra a privatização dos serviços públicos.
3) Retomar e fortalecer a metodologia das Assembleias Populares, com a criação de Tribunais Populares, pela democratização do Judiciário e do acesso à justiça e a reestruturação do Sistema de Segurança pública, visando à construção de um Estado defensor dos direitos humanos e ambientais.
4) Apoiar a Reforma Agrária, a agricultura familiar e agroecológica; o reconhecimento dos territórios dos Povos Originários e Comunidades Tradicionais: camponeses, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, extrativistas, recicladores, e demais grupos sociais fragilizados, cujos direitos são garantidos pela Constituição Federal e que não são cumpridos.
5) Fortalecer a Campanha pela Democratização dos Meios de Comunicação Social e participar de fóruns específicos.
6) Garantir a efetivação dos Conselhos de Juventudes para o controle social das políticas públicas; assumir a campanha contra o extermínio de jovens, principalmente pobres e negros; contra a redução da maioridade penal e a violência às mulheres.
7) Incentivar políticas de defesa civil, com participação da sociedade, para a prevenção dos impactos socioambientais dos projetos desenvolvimentistas e a proteção e garantia de direitos das populações afetadas.
8) Exigir do Governo Federal a implementação do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil e que haja sua efetiva participação.
9) Incentivar a criação e o fortalecimento dos fóruns populares que monitoram e propõem políticas urbanas nos bairros, nas regiões administrativas e nos municípios.
10) Informar e mobilizar a sociedade sobre a gestão dos recursos públicos, participando de campanhas pela revisão da distribuição orçamentária da União; por uma reforma tributaria progressiva e participativa; contra uma política de endividamento público e de gestão do orçamento social e ambiental irresponsável. Exigir do governo o fim dos leiloes do petróleo, pela plena reestatização da Petrobras, bem como a auditoria da dívida pública, conforme o artigo 26 das Disposições Transitórias da Constituição Federal.
Dentre estes compromissos, destacamos a urgência pela:
1- Reforma política
2- Demarcação das Terras Indígenas, dos Territórios Tradicionais, dos Quilombolas e Pesqueiros
3- Solicitar ao papa Francisco que convoque um evento internacional sobre a Vida no Planeta
Apoiamos a reforma política que garanta a soberania popula; a Campanha da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas; a convocação do Plebiscito Popular para uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva; a Campanha pela Demarcação dos Territórios Tradicionais e Pesqueiros.
Concluímos afirmando nosso apoio ao papa Francisco na renovação da Igreja.
Brasília – DF, 5 de setembro de 2013
POR: CNBB

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