Cidade do Vaticano, 17 jan (RV) - "O cristão não deve abater-se, mas atuar para ajudar quem se encontra necessitado": foi a mensagem que hoje Bento XVI dirigiu durante a audiência geral, na Sala Paulo VI, no Vaticano, recordando as dificuldades que Santo Agostinho, bispo de Hipona, em idade avançada, teve que afrontar quando os godos invadiram o norte da África.Ao término da audiência, o Santo Padre convidou toda a Igreja a pedir a Deus "o dom da unidade entre todos os discípulos do Senhor", por ocasião da Semana de oração pela unidade dos cristãos, que aqui na Europa terá início na próxima sexta-feira. Bento XVI saudou com afeto os universitários presentes na audiência, que gritavam o seu nome."Quando o perigo é comum para todos, isto é, para bispos, clérigos e leigos, os que precisam dos outros não devem ser abandonados por aqueles dos quais necessitam": assim escrevia o então ancião bispo de Hipona "ao bispo de Tiabe, Onorato, que lhe havia perguntado se, sob a iminente invasão dos bárbaros, um bispo ou um sacerdote, ou qualquer homem de Igreja, podia fugir para salvar a vida".Na segunda catequese dedicada ao grande Padre da Igreja, Bento XVI falou dos compromissos que caracterizaram os últimos anos de vida do prelado africano, anos também "de extraordinária atividade intelectual" nos quais "concluiu obras importantes, iniciou outras não menos árduas, manteve debates públicos com os hereges, interveio para promover a paz nas províncias africanas insidiadas pelas tribos bárbaras do sul".O pontífice citou também a sugestão que Agostinho deu a seus irmãos no episcopado para que os cristãos pudessem receber conforto nas dificuldades:"'Não sejam abandonados por aqueles que têm o dever de assisti-los com o sagrado ministério, de modo que ou se salvem juntos ou juntos suportem as calamidades que o Pai de família queira que sofram... Essa é a prova suprema da caridade.' Como não reconhecer, nessas palavras, a heróica mensagem que tantos sacerdotes, ao longo dos séculos, acolheram e fizeram sua?"Ademais, o papa recordou o que Agostinho escreveu ao conde Dário, presente na África para resolver algumas divergências:"O maior título de glória é justamente o de ceifar a guerra com a palavra, ao invés de ceifar os homens com a espada, e procurar manter a paz com a paz e não com a guerra."O bispo de Hipona preparou-se para a morte com a oração e a penitência _ disse ainda o Santo Padre _ e o seu grande coração repousou em Deus no dia 28 de agosto do ano 430. "O seu corpo, em data incerta, foi transferido para a Sardenha, e dali, por volta do ano 725, foi transferido para Pavia _ na região italiana da Lombardia _ colocado na Basílica de São Pedro in Ciel d'Oro, onde ainda hoje repousa":"Deixou à Igreja um clero muito numeroso, bem como mosteiros de homens e de mulheres cheios de pessoas votadas à continência sob a obediência de seus superiores, junto com as bibliotecas contendo livros e discursos seus e de outros santos, dos quais se conhece qual foi, por graça de Deus, o seu mérito e a sua grandeza na Igreja, e nos quais os fiéis sempre o reencontram vivo.""Em seus escritos também nós o reencontramos vivo" _ concluiu o Santo Padre _ reencontra-se "um homem de hoje, um amigo, um contemporâneo", que fala com uma "fé suave, atual", "fé que vem de Cristo, Verbo eterno encarnado, Filho de Deus... Caminho, verdade e vida".Santo Agostinho _ terminou o pontífice _ nos encoraja a confiar-nos a Cristo, sempre vivo, e assim encontrar a estrada da vida.Por fim, Bento XVI dirigiu um apelo tendo em vista a Semana de oração pela unidade dos cristãos:"É necessário rezar sem cessar pedindo com insistência a Deus o grande dom da unidade entre todos os discípulos do Senhor. A força inexorável do Espírito Santo nos estimule a um compromisso sincero de busca da unidade, para que possamos professar todos juntos que Jesus é o único Salvador do mundo."Ao final de sua catequese, após a saudação em diversas línguas aos vários grupos de fiéis e peregrinos presentes, o Santo Padre concluiu a audiência geral concedendo a todos a sua Bênção apostólica. (RL)
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