Morre em São Paulo o segundo bispo de Bauru; ele ficou conhecido pela luta por justiça social no país
A Igreja em luto: morreu aos 92 anos dom Cândido Rubens Padin (foto) , bispo de Bauru entre 1970 e 1990. Ele faleceu às 10h30, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde morava, enquanto rezava o breviário, uma prece curta. O bispo emérito tomou café e às 10h sentou-se para rezar. Ele estava bem pouco antes, informou o prior do mosteiro, dom João Evangelista Kovas.Dom Cândido foi o segundo bispo de Bauru, a quem coube organizar a diocese. Deixa registrada sua atuação a favor da justiça social. Esteve três vezes com o papa João Paulo II, a quem disse que os bispos brasileiros eram criticados por se envolver com problemas sociais do país. “Isso deve ser feito”, respondeu o papa.Seu lema era “A verdade na caridade”. Foi um dos fundadores da JUC (Juventude Universitária Católica). Formado em direito, foi reitor da faculdade da USP (Universidade de São Paulo). Estudou filosofia na Faculdade São Bento, em São Paulo, o que lhe mostrou o caminho da religião.Para o monsenhor Almir Cogiola, o bispado perde um de seus maiores expoentes. “Ele era um máximo entre os bispos do Brasil, empenhado no crescimento da Igreja. Viveu 20 anos conosco e depois foi pai de todos nós sacerdotes”, afirma. “Deus o recompensará por tudo o que fez.”Foi membro do Conselho Federal de Educação em 1962, no governo João Goulart. Em entrevista exclusiva ao BOM DIA em janeiro de 2007, enfatizou a missão das universidades. “De nada adianta haver expansão do ensino baseada apenas na questão profissional, em que as universidades se esquecem de sua verdadeira missão, que é valorizar a ética e formar a pessoas nos sentidos intelectual e científico.”09.05.191525.01.2008Enfrentamento contra a ditaduraDom Cândido Padin esteve em Bauru pela última vez ao comemorar 90 anos. Membro da OSB (Ordem de São Bento), agiu pessoalmente num episódio da ditadura militar, em 1964: resgatou dez rapazes que faziam parte da juventude católica.Com eles havia sido encontrado o filme “O Encouraçado Potemkin”, que retrata um levante de marinheiros russos contra o império em 1905. “Não posso deixar de pedir que me sejam entregues agora”, resumiu ele a um oficial. O grupo foi solto.Outro episódio que evidencia a trajetória ativa de dom Cândido é sua prisão, em 1976, em Riobamba, no Equador. Estava num congresso para conhecer e refletir sobre uma pastoral indígena que criava comunidades cristãs sem desprezar as características originárias de cada cultura.Em Bauru, morou numa casa na avenida Nossa Senhora de Fátima. Conforme as leis canônicas, renunciou aos 75 e voltou à sua primeira morada religiosa, o Mosteiro de São Bento.ServiçoO velório começou ontem, às 13h, no Mosteiro de São Bento. Na segunda-feira, haverá missa de corpo presente às 11h. Sepultamento ocorre em seguida, no cemitério do mosteiro.Catedral fará missa especial na quinta A missa de sétimo dia pela morte de dom Cândido Padin será celebrada quinta-feira, às 20h, na Catedral do Divino Espírito Santo, informa o bispo de Bauru, dom Luiz Antônio Guedes. Neste fim de semana, contudo, as igrejas estão orientadas a já fazer menções ao célebre religioso em suas missas regulares. Ontem à noite, dom Luiz esteve reunido com padres para acertar a ida dos religiosos a São Paulo para a despedida. “Ele [dom Cândido Padin] sempre foi muito coerente e íntegro”, destaca dom Luiz. “Como uma de suas marcas estava a real preocupação com a justiça social. Tinha formação em direito e realmente se mostrava atento aos direitos do povo, inclusive na condição de bispo emérito.” Para dom Luiz (bispo desde 2001 em Bauru), dom Cândido Padin (que ocupou o posto entre 1970 e 1990) é exemplo para todas as gerações.
A Igreja em luto: morreu aos 92 anos dom Cândido Rubens Padin (foto) , bispo de Bauru entre 1970 e 1990. Ele faleceu às 10h30, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde morava, enquanto rezava o breviário, uma prece curta. O bispo emérito tomou café e às 10h sentou-se para rezar. Ele estava bem pouco antes, informou o prior do mosteiro, dom João Evangelista Kovas.Dom Cândido foi o segundo bispo de Bauru, a quem coube organizar a diocese. Deixa registrada sua atuação a favor da justiça social. Esteve três vezes com o papa João Paulo II, a quem disse que os bispos brasileiros eram criticados por se envolver com problemas sociais do país. “Isso deve ser feito”, respondeu o papa.Seu lema era “A verdade na caridade”. Foi um dos fundadores da JUC (Juventude Universitária Católica). Formado em direito, foi reitor da faculdade da USP (Universidade de São Paulo). Estudou filosofia na Faculdade São Bento, em São Paulo, o que lhe mostrou o caminho da religião.Para o monsenhor Almir Cogiola, o bispado perde um de seus maiores expoentes. “Ele era um máximo entre os bispos do Brasil, empenhado no crescimento da Igreja. Viveu 20 anos conosco e depois foi pai de todos nós sacerdotes”, afirma. “Deus o recompensará por tudo o que fez.”Foi membro do Conselho Federal de Educação em 1962, no governo João Goulart. Em entrevista exclusiva ao BOM DIA em janeiro de 2007, enfatizou a missão das universidades. “De nada adianta haver expansão do ensino baseada apenas na questão profissional, em que as universidades se esquecem de sua verdadeira missão, que é valorizar a ética e formar a pessoas nos sentidos intelectual e científico.”09.05.191525.01.2008Enfrentamento contra a ditaduraDom Cândido Padin esteve em Bauru pela última vez ao comemorar 90 anos. Membro da OSB (Ordem de São Bento), agiu pessoalmente num episódio da ditadura militar, em 1964: resgatou dez rapazes que faziam parte da juventude católica.Com eles havia sido encontrado o filme “O Encouraçado Potemkin”, que retrata um levante de marinheiros russos contra o império em 1905. “Não posso deixar de pedir que me sejam entregues agora”, resumiu ele a um oficial. O grupo foi solto.Outro episódio que evidencia a trajetória ativa de dom Cândido é sua prisão, em 1976, em Riobamba, no Equador. Estava num congresso para conhecer e refletir sobre uma pastoral indígena que criava comunidades cristãs sem desprezar as características originárias de cada cultura.Em Bauru, morou numa casa na avenida Nossa Senhora de Fátima. Conforme as leis canônicas, renunciou aos 75 e voltou à sua primeira morada religiosa, o Mosteiro de São Bento.ServiçoO velório começou ontem, às 13h, no Mosteiro de São Bento. Na segunda-feira, haverá missa de corpo presente às 11h. Sepultamento ocorre em seguida, no cemitério do mosteiro.Catedral fará missa especial na quinta A missa de sétimo dia pela morte de dom Cândido Padin será celebrada quinta-feira, às 20h, na Catedral do Divino Espírito Santo, informa o bispo de Bauru, dom Luiz Antônio Guedes. Neste fim de semana, contudo, as igrejas estão orientadas a já fazer menções ao célebre religioso em suas missas regulares. Ontem à noite, dom Luiz esteve reunido com padres para acertar a ida dos religiosos a São Paulo para a despedida. “Ele [dom Cândido Padin] sempre foi muito coerente e íntegro”, destaca dom Luiz. “Como uma de suas marcas estava a real preocupação com a justiça social. Tinha formação em direito e realmente se mostrava atento aos direitos do povo, inclusive na condição de bispo emérito.” Para dom Luiz (bispo desde 2001 em Bauru), dom Cândido Padin (que ocupou o posto entre 1970 e 1990) é exemplo para todas as gerações.
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