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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Papa e Santa Sé


MENSAGEM DO PAPA PARA O 44º DIA MUNDIAL DA PAZ

◊ Cidade do Vaticano, 16 dez (RV) - Foi apresentada hoje na Sala de Imprensa da Santa Sé, a Mensagem de Bento XVI para o 44° Dia Mundial da Paz sobre o tema “Liberdade religiosa, caminho para a paz”. Participou da apresentação, entre outros, o Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson.

Em sua mensagem, o papa condena todas as formas de fanatismo e fundamentalismo religioso ou antirreligioso" que impedem "a promoção e a tutela da Justiça e do direito de cada um".

"A mesma determinação com que se condenam todas as formas de fanatismo e fundamentalismo religioso há de animar a oposição a todas as formas de hostilidade contra a religião, que limitam o papel público dos fieis na vida civil e política" – diz o Santo Padre no texto.

"O ordenamento jurídico em todos os níveis - nacional e internacional - quando consente ou tolera o fanatismo religioso ou antirreligioso, não cumpre com sua missão, que consiste na tutela e promoção da Justiça e do direito de cada um" – sublinha.

"Não se pode esquecer que o fundamentalismo religioso e o laicismo são formas especulares e extremas de rechaço do legítimo pluralismo e do princípio de laicidade" – diz ainda o pontífice.

O papa condena também as "perseguições, discriminações, atos de violência e intolerância" que sofrem as comunidades cristãs na Ásia, na África, no Oriente Médio e, especialmente, na Terra Santa.

"Peço a todos os responsáveis que atuem prontamente para pôr fim a todas as violências contra os cristãos que vivem nessas regiões" – pede Bento XVI.

"Às comunidades cristãs que sofrem perseguições, discriminações, atos de violência e intolerância, em particular na Ásia, na África, no Oriente Médio e, especialmente, na Terra Santa (...) renovo meu afeto paterno e lhes asseguro minhas orações" – diz o Santo Padre.

"A violência não se vence com a violência. Que nosso grito de dor seja sempre acompanhado pela fé, esperança e testemunho do amor de Deus" – convida o papa.

Em sua mensagem, Bento XVI também pede que, "no Ocidente, especialmente na Europa, cessem a hostilidade e os preconceitos contra os cristãos, pelo simples fato de tentarem orientar suas vidas em conformidade com os valores e princípios contidos no Evangelho". (AF)


ROTERDÃ: MENSAGEM DO PAPA PARA O ENCONTRO EUROPEU DE JOVENS

◊ Cidade do Vaticano, 16 dez (RV) - Realiza-se de 28 a 30 deste mês, em Roterdã, na Holanda, a 33ª etapa do Encontro Europeu de Jovens promovido pela Comunidade de Taizé.

Cerca de 30 mil jovens de toda a Europa foram convidados a participar do encontro e refletir sobre a alegria e a solidariedade para com as pessoas que sofrem. Os jovens refletirão sobre a carta escrita e enviada do Chile pelo prior da Comunidade de Taizé, Alois Löser, no final do II Encontro Internacional de Jovens da América Latina promovido recentemente pela comunidade, em Santiago do Chile.

"Não melhor que os outros, mas pertencentes a Cristo" ressalta a missiva que servirá de inspiração num dos momentos do encontro, em Roterdã. Os jovens refletirão sobre seu caminho e compromisso na Igreja e na sociedade. Irmão Alois falará aos jovens todas as noites durante a oração comum no Parque de Exposições.

Em vista desse encontro, Bento XVI escreveu uma mensagem que será enviada e lida aos jovens que participarão do encontro na cidade holandesa. O pontífice invoca sobre todos os participantes, pastores, paróquias e famílias que acolherão os jovens, a força e a paz do Espírito Santo.

O Papa fez votos para que através deste encontro, Deus conduza os jovens às fontes da alegria. "Vocês O descobrirão nestes dias: esta alegria não os distancia de uma solidariedade com os sofrimentos da humanidade, mas está profundamente ligada à confiança em Deus. Vivendo desta confiança e acolhendo-a, se abram a esta renovação radical do ser humano que Cristo veio trazer" – frisa Bento XVI em sua mensagem.

"Resistindo à miragem do individualismo, vocês serão sempre mais homens e mulheres de comunhão" – ressalta ainda o Papa.

O Santo Padre marcou um encontro com os jovens na Jornada Mundial da Juventude que se realizará em agosto do próximo ano em Madri, na Espanha, e confiou os jovens à intercessão da Virgem Maria, que em Caná da Galileia foi testemunha da alegria que seu Filho trouxe ao mundo. (MJ)


NA ÍNTEGRA A MENSAGEM DE BENTO XVI PARA O 44° DIA MUNDIAL DA PAZ

◊ Cidade do Vaticano, 16 dez (RV) - Segue na íntegra, a mensagem de Bento XVI para o 44° Dia Mundial da Paz que será celebrado em 1° de janeiro de 2011, sobre o tema "Liberdade religiosa, caminho para a paz".


Liberdade religiosa, caminho para a paz

1.NO INÍCIO DE UM ANO NOVO, desejo fazer chegar a todos e cada um os meus votos: votos de serenidade e prosperidade, mas sobretudo votos de paz. Infelizmente também o ano que encerra as portas esteve marcado pela perseguição, pela discriminação, por terríveis actos de violência e de intolerância religiosa.

Penso, em particular, na amada terra do Iraque, que, no seu caminho para a desejada estabilidade e reconciliação, continua a ser cenário de violências e atentados. Recordo as recentes tribulações da comunidade cristã, e de modo especial o vil ataque contra a catedral siro-católica de «Nossa Senhora do Perpétuo Socorro» em Bagdad, onde, no passado dia 31 de Outubro, foram assassinados dois sacerdotes e mais de cinquenta fiéis, quando se encontravam reunidos para a celebração da Santa Missa. A este ataque seguiram-se outros nos dias sucessivos, inclusive contra casas privadas, gerando medo na comunidade cristã e o desejo, por parte de muitos dos seus membros, de emigrar à procura de melhores condições de vida. Manifesto-lhes a minha solidariedade e a da Igreja inteira, sentimento que ainda recentemente teve uma concreta expressão na Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos, a qual encorajou as comunidades católicas no Iraque e em todo o Médio Oriente a viverem a comunhão e continuarem a oferecer um decidido testemunho de fé naquelas terras.

Agradeço vivamente aos governos que se esforçam por aliviar os sofrimentos destes irmãos em humanidade e convido os católicos a orarem pelos seus irmãos na fé que padecem violências e intolerâncias e a serem solidários com eles. Neste contexto, achei particularmente oportuno partilhar com todos vós algumas reflexões sobre a liberdade religiosa, caminho para a paz. De facto, é doloroso constatar que, em algumas regiões do mundo, não é possível professar e exprimir livremente a própria religião sem pôr em risco a vida e a liberdade pessoal. Noutras regiões, há formas mais silenciosas e sofisticadas de preconceito e oposição contra os crentes e os símbolos religiosos. Os cristãos são, actualmente, o grupo religioso que padece o maior número de perseguições devido à própria fé. Muitos suportam diariamente ofensas e vivem frequentemente em sobressalto por causa da sua procura da verdade, da sua fé em Jesus Cristo e do seu apelo sincero para que seja reconhecida a liberdade religiosa. Não se pode aceitar nada disto, porque constitui uma ofensa a Deus e à dignidade humana; além disso, é uma ameaça à segurança e à paz e impede a realização de um desenvolvimento humano autêntico e integral.

De facto, na liberdade religiosa exprime-se a especificidade da pessoa humana, que, por ela, pode orientar a própria vida pessoal e social para Deus, a cuja luz se compreendem plenamente a identidade, o sentido e o fim da pessoa. Negar ou limitar arbitrariamente esta liberdade significa cultivar uma visão redutiva da pessoa humana; obscurecer a função pública da religião significa gerar uma sociedade injusta, porque esta seria desproporcionada à verdadeira natureza da pessoa; isto significa tornar impossível a afirmação de uma paz autêntica e duradoura para toda a família humana.

Por isso, exorto os homens e mulheres de boa vontade a renovarem o seu compromisso pela construção de um mundo onde todos sejam livres para professar a sua própria religião ou a sua fé e viver o seu amor a Deus com todo o coração, toda a alma e toda a mente (cf. Mt 22, 37). Este é o sentimento que inspira e guia a Mensagem para o XLIV Dia Mundial da Paz, dedicada ao tema: Liberdade religiosa, caminho para a paz.

Direito sagrado à vida e a uma vida espiritual

2. O direito à liberdade religiosa está radicado na própria dignidade da pessoa humana, cuja natureza transcendente não deve ser ignorada ou negligenciada. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 27). Por isso, toda a pessoa é titular do direito sagrado a uma vida íntegra, mesmo do ponto de vista espiritual. Sem o reconhecimento do próprio ser espiritual, sem a abertura ao transcendente, a pessoa humana retrai-se sobre si mesma, não consegue encontrar resposta para as perguntas do seu coração sobre o sentido da vida e dotar-se de valores e princípios éticos duradouros, nem consegue sequer experimentar uma liberdade autêntica e desenvolver uma sociedade justa.

A Sagrada Escritura, em sintonia com a nossa própria experiência, revela o valor profundo da dignidade humana: «Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que lá colocastes, que é o homem para que Vos lembreis dele, o filho do homem para dele Vos ocupardes? Fizestes dele quase um ser divino, de honra e glória o coroastes; destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos, tudo submetestes a seus pés» (Sl 8, 4-7).

Perante a sublime realidade da natureza humana, podemos experimentar a mesma admiração expressa pelo salmista. Esta manifesta-se como abertura ao Mistério, como capacidade de interrogar-se profundamente sobre si mesmo e sobre a origem do universo, como íntima ressonância do Amor supremo de Deus, princípio e fim de todas as coisas, de cada pessoa e dos povos. A dignidade transcendente da pessoa é um valor essencial da sabedoria judaico-cristã, mas, graças à razão, pode ser reconhecida por todos. Esta dignidade, entendida como capacidade de transcender a própria materialidade e buscar a verdade, há-de ser reconhecida como um bem universal, indispensável na construção duma sociedade orientada para a realização e a plenitude do homem. O respeito de elementos essenciais da dignidade do homem, tais como o direito à vida e o direito à liberdade religiosa, é uma condição da legitimidade moral de toda a norma social e jurídica.

Liberdade religiosa e respeito recíproco

3.A liberdade religiosa está na origem da liberdade moral. Com efeito, a abertura à verdade e ao bem, a abertura a Deus, radicada na natureza humana, confere plena dignidade a cada um dos seres humanos e é garante do respeito pleno e recíproco entre as pessoas. Por conseguinte, a liberdade religiosa deve ser entendida não só como imunidade da coacção mas também, e antes ainda, como capacidade de organizar as próprias opções segundo a verdade.

Existe uma ligação indivisível entre liberdade e respeito; de facto, «cada homem e cada grupo social estão moralmente obrigados, no exercício dos próprios direitos, a ter em conta os direitos alheios e os seus próprios deveres para com os outros e o bem comum».

Uma liberdade hostil ou indiferente a Deus acaba por se negar a si mesma e não garante o pleno respeito do outro. Uma vontade, que se crê radicalmente incapaz de procurar a verdade e o bem, não tem outras razões objectivas nem outros motivos para agir senão os impostos pelos seus interesses momentâneos e contingentes, não tem uma «identidade» a preservar e construir através de opções verdadeiramente livres e conscientes. Mas assim não pode reclamar o respeito por parte de outras «vontades», também estas desligadas do próprio ser mais profundo e capazes, por conseguinte, de fazer valer outras «razões» ou mesmo nenhuma «razão». A ilusão de encontrar no relativismo moral a chave para uma pacífica convivência é, na realidade, a origem da divisão e da negação da dignidade dos seres humanos. Por isso se compreende a necessidade de reconhecer uma dupla dimensão na unidade da pessoa humana: a religiosa e a social. A este respeito, é inconcebível que os crentes «tenham de suprimir uma parte de si mesmos – a sua fé – para serem cidadãos activos; nunca deveria ser necessário renegar a Deus, para se poder gozar dos próprios direitos».

A família, escola de liberdade e de paz

4.Se a liberdade religiosa é caminho para a paz, a educação religiosa é estrada privilegiada para habilitar as novas gerações a reconhecerem no outro o seu próprio irmão e a sua própria irmã, com quem caminhar juntos e colaborar para que todos se sintam membros vivos de uma mesma família humana, da qual ninguém deve ser excluído.

A família fundada sobre o matrimónio, expressão de união íntima e de complementaridade entre um homem e uma mulher, insere-se neste contexto como a primeira escola de formação e de crescimento social, cultural, moral e espiritual dos filhos, que deveriam encontrar sempre no pai e na mãe as primeiras testemunhas de uma vida orientada para a busca da verdade e para o amor de Deus. Os próprios pais deveriam ser sempre livres para transmitir, sem constrições e responsavelmente, o próprio património de fé, de valores e de cultura aos filhos. A família, primeira célula da sociedade humana, permanece o âmbito primário de formação para relações harmoniosas a todos os níveis de convivência humana, nacional e internacional. Esta é a estrada que se há-de sapientemente percorrer para a construção de um tecido social robusto e solidário, para preparar os jovens à assunção das próprias responsabilidades na vida, numa sociedade livre, num espírito de compreensão e de paz.

Um património comum

5.Poder-se-ia dizer que, entre os direitos e as liberdades fundamentais radicados na dignidade da pessoa, a liberdade religiosa goza de um estatuto especial. Quando se reconhece a liberdade religiosa, a dignidade da pessoa humana é respeitada na sua raiz e reforça-se a índole e as instituições dos povos. Pelo contrário, quando a liberdade religiosa é negada, quando se tenta impedir de professar a própria religião ou a própria fé e de viver de acordo com elas, ofende-se a dignidade humana e, simultaneamente, acabam ameaçadas a justiça e a paz, que se apoiam sobre a recta ordem social construída à luz da Suma Verdade e do Sumo Bem.

Neste sentido, a liberdade religiosa é também uma aquisição de civilização política e jurídica. Trata-se de um bem essencial: toda a pessoa deve poder exercer livremente o direito de professar e manifestar, individual ou comunitariamente, a própria religião ou a própria fé, tanto em público como privadamente, no ensino, nos costumes, nas publicações, no culto e na observância dos ritos. Não deveria encontrar obstáculos, se quisesse eventualmente aderir a outra religião ou não professar religião alguma. Neste âmbito, revela-se emblemático e é uma referência essencial para os Estados o ordenamento internacional, enquanto não consente alguma derrogação da liberdade religiosa, salvo a legítima exigência da justa ordem pública. Deste modo, o ordenamento internacional reconhece aos direitos de natureza religiosa o mesmo status do direito à vida e à liberdade pessoal, comprovando a sua pertença ao núcleo essencial dos direitos do homem, àqueles direitos universais e naturais que a lei humana não pode jamais negar.

A liberdade religiosa não é património exclusivo dos crentes, mas da família inteira dos povos da terra. É elemento imprescindível de um Estado de direito; não pode ser negada, sem ao mesmo tempo minar todos os direitos e as liberdades fundamentais, pois é a sua síntese e ápice. É «o papel de tornassol para verificar o respeito de todos os outros direitos humanos». Ao mesmo tempo que favorece o exercício das faculdades humanas mais específicas, cria as premissas necessárias para a realização de um desenvolvimento integral, que diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em cada uma das suas dimensões.

A dimensão pública da religião

6.Embora movendo-se a partir da esfera pessoal, a liberdade religiosa – como qualquer outra liberdade – realiza-se na relação com os outros. Uma liberdade sem relação não é liberdade perfeita. Também a liberdade religiosa não se esgota na dimensão individual, mas realiza-se na própria comunidade e na sociedade, coerentemente com o ser relacional da pessoa e com a natureza pública da religião.

O relacionamento é uma componente decisiva da liberdade religiosa, que impele as comunidades dos crentes a praticarem a solidariedade em prol do bem comum. Cada pessoa permanece única e irrepetível e, ao mesmo tempo, completa-se e realiza-se plenamente nesta dimensão comunitária.

Inegável é a contribuição que as religiões prestam à sociedade. São numerosas as instituições caritativas e culturais que atestam o papel construtivo dos crentes na vida social. Ainda mais importante é a contribuição ética da religião no âmbito político. Tal contribuição não deveria ser marginalizada ou proibida, mas vista como válida ajuda para a promoção do bem comum. Nesta perspectiva, é preciso mencionar a dimensão religiosa da cultura, tecida através dos séculos graças às contribuições sociais e sobretudo éticas da religião. Tal dimensão não constitui de modo algum uma discriminação daqueles que não partilham a sua crença, mas antes reforça a coesão social, a integração e a solidariedade.

Liberdade religiosa, força de liberdade e de civilização:
os perigos da sua instrumentalização

7.A instrumentalização da liberdade religiosa para mascarar interesses ocultos, como por exemplo a subversão da ordem constituída, a apropriação de recursos ou a manutenção do poder por parte de um grupo, pode provocar danos enormes às sociedades. O fanatismo, o fundamentalismo, as práticas contrárias à dignidade humana não se podem jamais justificar, e menos ainda o podem ser se realizadas em nome da religião. A profissão de uma religião não pode ser instrumentalizada, nem imposta pela força. Por isso, é necessário que os Estados e as várias comunidades humanas nunca se esqueçam que a liberdade religiosa é condição para a busca da verdade e que a verdade não se impõe pela violência mas pela «força da própria verdade». Neste sentido, a religião é uma força positiva e propulsora na construção da sociedade civil e política.

Como se pode negar a contribuição das grandes religiões do mundo para o desenvolvimento da civilização? A busca sincera de Deus levou a um respeito maior da dignidade do homem. As comunidades cristãs, com o seu património de valores e princípios, contribuíram imenso para a tomada de consciência das pessoas e dos povos a respeito da sua própria identidade e dignidade, bem como para a conquista de instituições democráticas e para a afirmação dos direitos do homem e seus correlativos deveres.

Também hoje, numa sociedade cada vez mais globalizada, os cristãos são chamados – não só através de um responsável empenhamento civil, económico e político, mas também com o testemunho da própria caridade e fé – a oferecer a sua preciosa contribuição para o árduo e exaltante compromisso em prol da justiça, do desenvolvimento humano integral e do recto ordenamento das realidades humanas. A exclusão da religião da vida pública subtrai a esta um espaço vital que abre para a transcendência. Sem esta experiência primária, revela-se uma tarefa árdua orientar as sociedades para princípios éticos universais e torna-se difícil estabelecer ordenamentos nacionais e internacionais nos quais os direitos e as liberdades fundamentais possam ser plenamente reconhecidos e realizados, como se propõem os objectivos – infelizmente ainda menosprezados ou contestados – da Declaração Universal dos direitos do homem de 1948.

Uma questão de justiça e de civilização:
o fundamentalismo e a hostilidade contra os crentes prejudicam
a laicidade positiva dos Estados

8.A mesma determinação, com que são condenadas todas as formas de fanatismo e de fundamentalismo religioso, deve animar também a oposição a todas as formas de hostilidade contra a religião, que limitam o papel público dos crentes na vida civil e política.

Não se pode esquecer que o fundamentalismo religioso e o laicismo são formas reverberadas e extremas de rejeição do legítimo pluralismo e do princípio de laicidade. De facto, ambas absolutizam uma visão redutiva e parcial da pessoa humana, favorecendo formas, no primeiro caso, de integralismo religioso e, no segundo, de racionalismo. A sociedade, que quer impor ou, ao contrário, negar a religião por meio da violência, é injusta para com a pessoa e para com Deus, mas também para consigo mesma. Deus chama a Si a humanidade através de um desígnio de amor, o qual, ao mesmo tempo que implica a pessoa inteira na sua dimensão natural e espiritual, exige que lhe corresponda em termos de liberdade e de responsabilidade, com todo o coração e com todo o próprio ser, individual e comunitário. Sendo assim, também a sociedade, enquanto expressão da pessoa e do conjunto das suas dimensões constitutivas, deve viver e organizar-se de modo a favorecer a sua abertura à transcendência. Por isso mesmo, as leis e as instituições duma sociedade não podem ser configuradas ignorando a dimensão religiosa dos cidadãos ou de modo que prescindam completamente da mesma; mas devem ser comensuradas – através da obra democrática de cidadãos conscientes da sua alta vocação – ao ser da pessoa, para o poderem favorecer na sua dimensão religiosa. Não sendo esta uma criação do Estado, não pode ser manipulada, antes deve contar com o seu reconhecimento e respeito.

O ordenamento jurídico a todos os níveis, nacional e internacional, quando consente ou tolera o fanatismo religioso ou anti-religioso, falta à sua própria missão, que consiste em tutelar e promover a justiça e o direito de cada um. Tais realidades não podem ser deixadas à mercê do arbítrio do legislador ou da maioria, porque, como já ensinava Cícero, a justiça consiste em algo mais do que um mero acto produtivo da lei e da sua aplicação. A justiça implica reconhecer a cada um a sua dignidade, a qual, sem liberdade religiosa garantida e vivida na sua essência, fica mutilada e ofendida, exposta ao risco de cair sob o predomínio dos ídolos, de bens relativos transformados em absolutos. Tudo isto expõe a sociedade ao risco de totalitarismos políticos e ideológicos, que enfatizam o poder público, ao mesmo tempo que são mortificadas e coarctadas, como se lhe fizessem concorrência, as liberdades de consciência, de pensamento e de religião.

Diálogo entre instituições civis e religiosas

9.O património de princípios e valores expressos por uma religiosidade autêntica é uma riqueza para os povos e respectivas índoles: fala directamente à consciência e à razão dos homens e mulheres, lembra o imperativo da conversão moral, motiva para aperfeiçoar a prática das virtudes e aproximar-se amistosamente um do outro sob o signo da fraternidade, como membros da grande família humana.

No respeito da laicidade positiva das instituições estatais, a dimensão pública da religião deve ser sempre reconhecida. Para isso, um diálogo sadio entre as instituições civis e as religiosas é fundamental para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da harmonia da sociedade.

Viver no amor e na verdade

10.No mundo globalizado, caracterizado por sociedades sempre mais multiétnicas e pluriconfessionais, as grandes religiões podem constituir um factor importante de unidade e paz para a família humana. Com base nas suas próprias convicções religiosas e na busca racional do bem comum, os seus membros são chamados a viver responsavelmente o próprio compromisso num contexto de liberdade religiosa. Nas variadas culturas religiosas, enquanto há que rejeitar tudo aquilo que é contra a dignidade do homem e da mulher, é preciso, ao contrário, valer-se daquilo que resulta positivo para a convivência civil.

O espaço público, que a comunidade internacional torna disponível para as religiões e para a sua proposta de «vida boa», favorece o aparecimento de uma medida compartilhável de verdade e de bem e ainda de um consenso moral, que são fundamentais para uma convivência justa e pacífica. Os líderes das grandes religiões, pela sua função, influência e autoridade nas respectivas comunidades, são os primeiros a ser chamados ao respeito recíproco e ao diálogo.

Os cristãos, por sua vez, são solicitados pela sua própria fé em Deus, Pai do Senhor Jesus Cristo, a viver como irmãos que se encontram na Igreja e colaboram para a edificação de um mundo, onde as pessoas e os povos «não mais praticarão o mal nem a destruição (...), porque o conhecimento do Senhor encherá a terra, como as águas enchem o leito do mar» (Is 11, 9).

Diálogo como busca em comum

11.Para a Igreja, o diálogo entre os membros de diversas religiões constitui um instrumento importante para colaborar com todas as comunidades religiosas para o bem comum. A própria Igreja nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo. «Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria segue e propõe, todavia reflectem não raramente um raio da verdade que ilumina todos os homens».

A estrada indicada não é a do relativismo nem do sincretismo religioso. De facto, a Igreja «anuncia, e tem mesmo a obrigação de anunciar incessantemente Cristo, “caminho, verdade e vida” (Jo 14, 6), em quem os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo mesmo todas as coisas». Todavia isto não exclui o diálogo e a busca comum da verdade em diversos âmbitos vitais, porque, como diz uma expressão usada frequentemente por São Tomás de Aquino, «toda a verdade, independentemente de quem a diga, provém do Espírito Santo».

Em 2011, tem lugar o 25º aniversário da Jornada Mundial de Oração pela Paz, que o Venerável Papa João Paulo II convocou em Assis em 1986. Naquela ocasião, os líderes das grandes religiões do mundo deram testemunho da religião como sendo um factor de união e paz, e não de divisão e conflito. A recordação daquela experiência é motivo de esperança para um futuro onde todos os crentes se sintam e se tornem autenticamente obreiros de justiça e de paz.

Verdade moral na política e na diplomacia

12.A política e a diplomacia deveriam olhar para o património moral e espiritual oferecido pelas grandes religiões do mundo, para reconhecer e afirmar verdades, princípios e valores universais que não podem ser negados sem, com os mesmos, negar-se a dignidade da pessoa humana. Mas, em termos práticos, que significa promover a verdade moral no mundo da política e da diplomacia? Quer dizer agir de maneira responsável com base no conhecimento objectivo e integral dos factos; quer dizer desmantelar ideologias políticas que acabam por suplantar a verdade e a dignidade humana e pretendem promover pseudo-valores com o pretexto da paz, do desenvolvimento e dos direitos humanos; quer dizer favorecer um empenho constante de fundar a lei positiva sobre os princípios da lei natural. Tudo isto é necessário e coerente com o respeito da dignidade e do valor da pessoa humana, sancionado pelos povos da terra na Carta da Organização das Nações Unidas de 1945, que apresenta valores e princípios morais universais de referência para as normas, as instituições, os sistemas de convivência a nível nacional e internacional.

Para além do ódio e do preconceito

13.Não obstante os ensinamentos da história e o compromisso dos Estados, das organizações internacionais a nível mundial e local, das organizações não governamentais e de todos os homens e mulheres de boa vontade que cada dia se empenham pela tutela dos direitos e das liberdades fundamentais, ainda hoje no mundo se registam perseguições, descriminações, actos de violência e de intolerância baseados na religião. De modo particular na Ásia e na África, as principais vítimas são os membros das minorias religiosas, a quem é impedido de professar livremente a própria religião ou mudar para outra, através da intimidação e da violação dos direitos, das liberdades fundamentais e dos bens essenciais, chegando até à privação da liberdade pessoal ou da própria vida.

Temos depois, como já disse, formas mais sofisticadas de hostilidade contra a religião, que nos países ocidentais se exprimem por vezes com a renegação da própria história e dos símbolos religiosos nos quais se reflectem a identidade e a cultura da maioria dos cidadãos. Frequentemente tais formas fomentam o ódio e o preconceito e não são coerentes com uma visão serena e equilibrada do pluralismo e da laicidade das instituições, sem contar que as novas gerações correm o risco de não entrar em contacto com o precioso património espiritual dos seus países.

A defesa da religião passa pela defesa dos direitos e liberdades das comunidades religiosas. Assim, os líderes das grandes religiões do mundo e os responsáveis das nações renovem o compromisso pela promoção e a tutela da liberdade religiosa, em particular pela defesa das minorias religiosas; estas não constituem uma ameaça contra a identidade da maioria, antes, pelo contrário, são uma oportunidade para o diálogo e o mútuo enriquecimento cultural. A sua defesa representa a maneira ideal para consolidar o espírito de benevolência, abertura e reciprocidade com que se há-de tutelar os direitos e as liberdades fundamentais em todas as áreas e regiões do mundo.

Liberdade religiosa no mundo

14.Dirijo-me, por fim, às comunidades cristãs que sofrem perseguições, discriminações, actos de violência e intolerância, particularmente na Ásia, na África, no Médio Oriente e de modo especial na Terra Santa, lugar escolhido e abençoado por Deus. Ao mesmo tempo que lhes renovo a expressão do meu afecto paterno e asseguro a minha oração, peço a todos os responsáveis que intervenham prontamente para pôr fim a toda a violência contra os cristãos que habitam naquelas regiões. Que os discípulos de Cristo não desanimem com as presentes adversidades, porque o testemunho do Evangelho é e será sempre sinal de contradição.

Meditemos no nosso coração as palavras do Senhor Jesus: «Felizes os que choram, porque hão-se ser consolados. (...) Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. (...) Felizes sereis quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentido, vos acusarem de toda a espécie de mal. Alegrai-vos e exultai, pois é grande nos Céus a vossa recompensa» (Mt 5, 4-12). Por isso, renovemos «o compromisso por nós assumido no sentido da indulgência e do perdão – que invocamos de Deus para nós, no “Pai-nosso” – por havermos posto, nós próprios, a condição e a medida da desejada misericórdia: “perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”(Mt 6, 12)». A violência não se vence com a violência. O nosso grito de dor seja sempre acompanhado pela fé, pela esperança e pelo testemunho do amor de Deus. Faço votos também de que cessem no Ocidente, especialmente na Europa, a hostilidade e os preconceitos contra os cristãos pelo facto de estes pretenderem orientar a própria vida de modo coerente com os valores e os princípios expressos no Evangelho. Mais ainda, que a Europa saiba reconciliar-se com as próprias raízes cristãs, que são fundamentais para compreender o papel que teve, tem e pretende ter na história; saberá assim experimentar justiça, concórdia e paz, cultivando um diálogo sincero com todos os povos.

Liberdade religiosa, caminho para a paz

15.O mundo tem necessidade de Deus; tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e compartilhados, e a religião pode oferecer uma contribuição preciosa na sua busca, para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional.

A paz é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, um projecto a realizar, nunca totalmente cumprido. Uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz, que não é simples ausência de guerra, nem mero fruto do predomínio militar ou económico, e menos ainda de astúcias enganadoras ou de hábeis manipulações. Pelo contrário, a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada. Convido todos aqueles que desejam tornar-se obreiros de paz e sobretudo os jovens a prestarem ouvidos à própria voz interior, para encontrar em Deus a referência estável para a conquista de uma liberdade autêntica, a força inesgotável para orientar o mundo com um espírito novo, capaz de não repetir os erros do passado. Como ensina o Servo de Deus Papa Paulo VI, a cuja sabedoria e clarividência se deve a instituição do Dia Mundial da Paz, «é preciso, antes de mais nada, proporcionar à Paz outras armas, que não aquelas que se destinam a matar e a exterminar a humanidade. São necessárias sobretudo as armas morais, que dão força e prestígio ao direito internacional; aquela arma, em primeiro lugar, da observância dos pactos».A liberdade religiosa é uma autêntica arma da paz, com uma missão histórica e profética. De facto, ela valoriza e faz frutificar as qualidades e potencialidades mais profundas da pessoa humana, capazes de mudar e tornar melhor o mundo; consente alimentar a esperança num futuro de justiça e de paz, mesmo diante das graves injustiças e das misérias materiais e morais. Que todos os homens e as sociedades aos diversos níveis e nos vários ângulos da terra possam brevemente experimentar a liberdade religiosa, caminho para a paz!

Vaticano, 8 de Dezembro de 2010.

BENEDICTUS PP XVI


DOM CELLI: "OUVIR DEUS NO SILÊNCIO"

◊ Cidade do Vaticano, 16 dez (RV) - O Presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, convidou os comunicadores a ouvirem Deus no silêncio para assim poderem converter os meios em autênticos portadores do Evangelho.

“Só no silêncio se assumem de maneira mais consciente as próprias opções; no silêncio se escuta a voz de Deus. Assim poderemos ser autênticos portadores de sua Palavra”, assegurou o prelado em sua mensagem divulgada no último dia 12 de dezembro aos comunicadores sociais da América Latina, por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe.

Dom Celli disse que “possivelmente este é um conselho difícil de seguir neste momento de bombardeio informativo, de exigências pastorais, de agitação nas famílias, em nossos meios de comunicação e paróquias”. Por isso exortou a dedicar tempo ao Senhor durante o Advento, perguntando-se: “o que podemos dar de substancioso, se nossa vida vai ficando repleta apenas de palavras repetidas, com escassa profundidade?”.

Dom Celli recordou que ser autênticos discípulos de Cristo implica um encontro com Ele, que é pessoal e também comunitário, “se dá na solidão e no silêncio, mas também de maneira privilegiada nas celebrações litúrgicas e na vida de família. Alimenta-se no diálogo e na oração comunitária, (...) culmina na ação e no serviço”.

Por isso insistiu na necessidade de “viver tempos e espaços de silêncio durante estes dias do Advento, para escutar a voz de Jesus que nos fala ao coração. (...) Vamos construir uma barragem contra a inundação de afazeres e ruídos que tantas vezes nos arrastam sem freio”.

Dom Celli pediu à Virgem de Guadalupe, Padroeira da Rede Informática da Igreja na América Latina, que “obtenha de Deus para todos, o dom do silêncio interior (...) para que Ele faça frutificar nossas palavras, textos, imagens e notas musicais portadoras da Boa Nova”. (SP)


PESQUISADOR PORTUGUÊS RECEBE PRÊMIO DO VATICANO

◊ Cidade do Vaticano, 16 dez (RV) - O pesquisador português Luís Alberto Esteves Casimiro recebe hoje, dia 16, o prêmio anual das Pontifícias Academias de Mariologia, distinguindo seu trabalho de doutorado sobre a pintura portuguesa no século XVI.

A tese, em dois volumes, que perfazem 2.144 páginas, teve como orientador científico Fausto Sanches Martins, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e sacerdote redentorista.

O trabalho de doutorado do pesquisador lusitano se intitula "A Anunciação do Senhor na Pintura Portuguesa do Século XVI (1500-1550). Análise geométrica, iconográfica e significado iconológico", e foi aprovada, por unanimidade, em provas públicas realizadas na Faculdade de Letras do Porto, no dia 30 de março de 2005.

O prêmio, no ramo do "Conhecimento em História da Arte", é atribuído pelo Pontifício Conselho para a Cultura, presidido pelo Cardeal Gianfranco Ravasi, em nome das duas Academias Pontifícias especializadas no estudo teológico sobre a Virgem Maria.

A cerimônia de entrega será presidida pelo cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, na Sala Magna do Pontifício Conselho para a Cultura.

Antes do doutorado em História da Arte, Luís Alberto Casimiro, natural de Vilar Formoso, distrito da Guarda, frequentou o curso de Engenharia Electrotécnica e de Computadores, na Faculdade de Engenharia do Porto. Posteriormente, licenciou-se em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes do Porto.

Atualmente, é professor auxiliar convidado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e regente das disciplinas de Iconografia, História da Pintura em Portugal, História da Arte e Cultura e História Urbana.

Em comunicado enviado à agência de notícias Ecclesia, os Redentoristas consideram que "a atribuição desse galardão que muito honra, particularmente, o autor da tese, Luís Alberto Casimiro, é um reconhecimento do trabalho desenvolvido ao longo dos anos, no campo da Iconografia, pelo setor da História da Arte, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto". (AF)


Igreja no Brasil


MANAUS HOMENAGEIA ARCEBISPO PELOS SEUS 20 ANOS DE CONTRIBUIÇÃO

◊ Manaus, 16 dez (RV) – O arcebispo metropolitano de Manaus e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Luiz Soares Vieira, recebe hoje a Medalha de Ouro Cidade de Manaus ao pelos trabalhos realizados durante quase duas décadas a frente da arquidiocese. A homenagem foi feita pela Câmara Municipal de Manaus, que realizou sessão solene às 10h (horário local).

A medalha é a mais alta comenda concedida pelo Poder LegAislativo Municipal a um cidadão e deve-se a dedicação do prelado ao Estado, pela realização de trabalhos missionários, levando a palavra de Deus a toda a população.

Dom Luiz nasceu na cidade de Conchas (SP). Cursou Filosofia no Seminário Central do Ipiranga, de São Paulo, e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma. Foi ordenado aos 22 anos, antes da idade permitida, precisando, portanto, de uma licença especial do Papa para poder exercer o Ministério.

Completou os estudos em Filosofia na Universidade de Mogi das Cruzes (SP) e trabalhou em diversas instituições católicas, desempenhando diversos cargos antes de assumir o arcebispado de Manaus em 19 de janeiro de 1992. (CNBB/ED)


Igreja na América Latina


COLÔMBIA: IGREJA AJUDA AS VÍTIMAS DAS INUNDAÇÕES

◊ Bogotá, 16 dez (RV) - Na Colômbia, a Igreja Católica está se mobilizando para ajudar os sem-teto e os desempregados, vítimas das inundações que já causaram até o momento 246 mortes, 250 feridos e mais de 200 mil deslocados em diferentes partes do país. O governo, - afirmou a agência Sir – teme também o risco de epidemias. Em todas as paróquias do departamento de Valle del Cauca (centro-leste), foram abertos pontos de coleta de dinheiro, alimentos e bens de primeira necessidade a serem destinados à Cruz Vermelha colombiana. Ofertas são recolhidas em todas as celebrações eucarísticas no país.

O Arcebispo Coadjutor de Cali (capital do departamento), Dom Dario de Jesus Monsalve, convidou os empresários locais “a darem a sua contribuição, mas também evitando as demissões dos trabalhadores neste momento de crise”.

Enquanto isso, nos últimos dias, o Bispo-auxiliar de Bucaramanga, Dom Juan Vicente Córdoba Villota, Secretário-geral da Conferência Episcopal da Colômbia manifestou a “alegria” dos bispos, após o anúncio das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) de libertar cinco pessoas sequestradas. Dom Córdoba disse esperar que o gesto contribuia para “o diálogo entre todos os colombianos”. A referência é à declaração do ELN (Exército de Libertação Nacional), que propõe um cessar-fogo bilateral, tendo em vista as dificuldades do inverno. “Espero que a trégua se torne definitiva - disse o bispo - e se transforme em paz”. (SP)


ARCEBISPO VENEZUELANO CONVIDA A TRABALHAR PELA PAZ E LUTAR CONTRA VIOLÊNCIA

◊ Caracas, 16 dez (RV) - O Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Liberato Urosa Savino, convidou o povo a "trabalhar pela paz e lutar contra a violência", na Venezuela, acrescentando que tal obrigação "é um dever de todos os cristãos, independentemente de suas simpatias políticas, mas de modo especial, dos funcionários do Estado, que têm constitucionalmente a tarefa de garantir a nossa segurança pessoal e patrimonial".

O apelo do Cardeal Urosa foi lançado em sua mensagem de Natal intitulada "Paz na terra, solidariedade e luta contra a violência", publicada pelo Departamento de Informações da Arquidiocese de Caracas. A mensagem convida os venezuelanos a "lutarem contra a anti-cultura da morte que se manifesta na droga e no ódio, no crime que banha de sangue as ruas da nossa amada Caracas"; motivo pelo qual exorta os funcionários do Estado a cumprirem esta obrigação.

O cardeal pede também assistência a milhares de famílias sem-teto na Venezuela. "Trabalhar pela paz significa solidariedade e ajudar efetivamente as vítimas". O purpurado reiterou o apelo "a trabalhar com generosidade e eficiência a fim de ajudar todos os que foram atingidos pelas chuvas". A este respeito, sugeriu que uma vez superada a ajuda de emergência para socorrer as vítimas, seja iniciado um grande trabalho de reconstrução das áreas atingidas e sejam resolvidos os problemas relativos à alimentação, moradias e estradas.

A mensagem se encerra com o convite a celebrar o Natal com uma atitude realmente cristã, eliminando a superstição e as falsas crenças do espírito de Natal e vivendo a fé cristã e a união com Deus como caminho de felicidade autêntica. (MJ)


Igreja no Mundo


PAQUISTÃO: UNIDADE CONTRA A LEI DA BLASFÊMIA

◊ Lahore, 16 dez (RV) - Denunciar o imã que ofereceu uma recompensa para quem assassinar Ásia Bibi, revogar ou alterar a lei sobre a blasfêmia, injusta e discriminatória para impedir abusos, e promover os direitos das minorias, em conformidade com a Constituição do Paquistão: foi o que pediram os bispos, líderes políticos e representantes da sociedade civil no Paquistão, em uma carta ao Primeiro-ministro do Paquistão, Yousaf Raza Gilani.

A carta, recebida pela agência Fides, foi assinada pelos Bispos Dom Anthony Rufin (Islamabad), Secretário da Conferência Episcopal, Dom Joseph Coutts (Faisalabad), Dom Andrew Francis (Multan), Dom. John Max Rodriguez (Hyderabad), Dom Sebastian Shaw (Bispo-auxiliar de Lahore). Traz também o apoio de outros bispos e líderes de outras comunidades cristãs, bem como de líderes sikhs, hindus e Baha'is, e de Khalid Masood, líder do Conselho do Paquistão islâmico. Assinaram ainda o documento, vários membros do Parlamento do Punjab, alguns juízes, advogados, militares e representantes da sociedade civil, todos de religião islâmica.

A carta cita o caso da Asia Bibi e exige a imediata incriminação do Imã, Yusef Qureshi, de Peshawar, que prometeu uma recompensa de 500 mil rúpias (cerca de 4.500 euros) para quem matar Asia Bibi, observando que este anúncio é contrário às leis e ao Estado de direito. O texto recorda a harmonia inter-religiosa que reinava no país antes da promulgação da lei, promovida pelo ditador Zia em 1986, notando que entre 1947 (data da fundação do Paquistão) e 1985, não se verificaram acusações de blasfêmia.

A carta foi elaborada na conclusão de um encontro realizado nos dias passados em Islamabad pela “Aliança das Minorias do Paquistão”, que reuniu líderes religiosos, parlamentares, advogados e membros da sociedade civil, sob a liderança do Ministro para as Minorias Religiosas, Shabhaz Bhatti, e com a participação do Ministro para os Direitos Humanos, Mumtaz Alam Gilani.

O encontro reafirmou o impacto negativo na sociedade paquistanesa derivado do abuso da lei sobre a blasfêmia, apreciando a posição do Presidente Ali Zardari, que está de acordo em modificá-la. Entretanto, grupos radicais islâmicos, como “Jaamat-e-Islami”, e “Jammiat Ulema-e-Islam” e outros, que se reuniram nos últimos dias em Rawalpindi, anunciaram o lançamento de uma campanha nacional e de uma estratégia abrangente, composto por anúncios, apelos, conferências, manifestações, “para defender a santidade do profeta Momé e evitar qualquer alteração da lei sobre a blasfêmia”. (SP)


IRAQUE: CRISTÃOS CELEBRARÃO O NATAL

◊ Konigstein, 16 dez (RV) - Entre os cristãos do Iraque “há uma espécie de desespero”, mas apesar disso e “aconteça o que acontecer, as pessoas estão decididas a celebrar a liturgia de Natal de qualquer modo”, afirmou Dom Bashar Warda, Arcebispo de Erbil, norte de Bagdá.

Em declarações à organização católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), Dom Warda elogiou o governo iraquiano por tomar medidas para melhorar a segurança, apesar de que a entrada nas igrejas faça parecer aos paroquianos que eles estão entrando “em um acampamento militar”.

Recentemente, o governo do Iraque dispôs que sejam construídas paredes de concreto de até três metros ao redor das igrejas em Bagdá e Mossul, com pontos de acessos para quem vai participar da Missa, controlados pela polícia.

Dom Warda assinalou que funcionários do governo entraram em contato com os sacerdotes das paróquias para consultar se queriam os muros de segurança ao redor de suas igrejas. Embora muitos tenham aceito, outros rechaçaram pois sentiam que as medidas simplesmente intimidariam ainda mais a comunidade cristã.

Isto se deve, segundo o Arcebispo de Erbil, ao fato de que “o desânimo das pessoas está em todas as partes. A insegurança está presente em todos os lugares. E a pergunta na boca de todos é ‘o que vai acontecer?’”.

Em 31 de outubro passado, um comando de Al Qaeda atacou a Catedral siro-católica de Bagdá, em plena Missa dominical. Os extremistas tomaram como reféns durante várias horas dezenas de paroquianos. No ataque – que terminou com um conflito entre as forças de segurança e os terroristas – morreram 44 cristãos, dois sacerdotes, sete agentes das tropas do governo e todos os terroristas. (SP)


SERRA LEOA: PROJETO DOS SALESIANOS EM FAVOR DOS MENINOS DE RUA

◊ Freetown, 16 dez (RV) - Os salesianos da Serra Leoa, através da ONG "Dom Bosco Fambul", que administra o projeto dos salesianos em favor dos meninos de rua, estão presentes nos lugares mais pobres da capital do país, Freetown.

Os salesianos lançaram o projeto "Dom Bosco Móvel", um ônibus que servirá para ajudar os meninos de rua fornecendo assistência médica de pronto-socorro, alimentos, roupas e atividades educativas, em Freetown.

O serviço oferecerá assistência aos meninos de rua das áreas mais difíceis da cidade, graças à colaboração de profissionais do campo de atividades sociais, membros da Pastoral da Juventude, enfermeiros e defensores legais para as crianças.

O ônibus, abençoado pelo Arcebispo de Freetown, Dom Edward Tamba Charles, tem uma variedade de materiais, kits de primeiros socorros, instrumentos para diversão e jogos, e também está equipado para a exibição de filmes educativos para jovens.

A atuação do projeto dará às crianças e aos jovens em risco o acesso aos cuidados e serviços de saúde, informações sobre práticas de higiene e proteção da saúde contra a AIDS. O projeto inclui quatro fases: assistência pessoal, assistência familiar, trabalho pastoral e em rede com outras instituições como a polícia, hospitais e outros organismos.

O atual plano do "Dom Bosco Fambul" já oferece um projeto para os meninos de rua, com formação profissional, centros juvenis, serviços de pastoral juvenil e apoio nos momentos difíceis. (MJ)


IRLANDA: MENSAGEM DOS BISPOS SOBRE A CRISE ECONÔMICA NO PAÍS

◊ Dublin, 16 dez (RV) - Os bispos irlandeses promovem para 2 de janeiro próximo, um domingo de oração e solidariedade em favor da Irlanda.

O objetivo da iniciativa é encorajar a comunidade política e os cidadãos irlandeses a colocarem em ação todos os recursos humanos, sociais, intelectuais e espirituais da nação a fim de reconstruir a economia financeira do país e garantir que este processo de reestruturação tenha bom êxito.

"Estamos conscientes que os recentes e dramáticos eventos ocorridos em nossa economia nacional atingiram um elevado nível de medo, raiva e desilusão. Os pedidos de ajuda à Sociedade São Vicente de Paulo para necessidades básicas como alimentação e vestuário aumentaram 35% em relação ao ano passado" – frisam os prelados.

Na Irlanda do Norte, o número de sem-teto dobrou nos últimos seis anos. "A nossa nação se confronta mais uma vez com o elevado nível de desemprego que causa um impacto deprimente nas pessoas e nas comunidades e um elevado índice de emigração de inteiras famílias irlandesas" – sublinham os bispos.

Os prelados expressam também sua preocupação pelo aumento nas pessoas do sentimento de medo de perderem suas casas, seus trabalhos e terem cortes na folha de pagamento e na aposentadoria.

Diante dessa situação o episcopado irlandês convida todo o país à urgente tarefa de construir um futuro justo, sustentável e próspero. Em vista da celebração do Natal que se aproxima, escrevem: "rezemos para que o país reencontre seu espírito de solidariedade nacional e de esperança. Rezemos para que se reencontre a confiança em nossa capacidade de trabalhar juntos pelo bem comum e enfrentar as adversas circunstâncias em que se encontra o nosso país hoje. O povo irlandês sempre demonstrou no passado, saber enfrentar os grandes desafios. Acreditamos que também hoje será capaz de enfrentá-los" – ressaltam eles.

Na mensagem os bispos recordam a "responsável cooperação com os governos e as instituições europeias. "Este compromisso – concluem – faz parte de uma maior solidariedade da qual nós participamos como contribuintes e também como destinatários". (MJ)


TERRA SANTA: ENCONTRO INTERNACIONAL DOS JOVENS DA AÇÃO CATÓLICA

◊ Jerusalém, 16 dez (RV) - "O estilo simples e confiante das paróquias que nos acolheram" é a mensagem que os jovens do Fórum Internacional da Ação católica (Fiac), que participaram do recente curso de formação, em Jerusalém, na Terra Santa, intitulado "Juntos no coração do mundo. Itinerários de jovens na terra de Jesus", levarão às suas comunidades e paróquias.

O encontro foi promovido pelo Fiac, junto com o patriarcado latino de Jerusalém e a Custódia da Terra Santa. Participaram da iniciativa – refere a agência de notícias SIR (Serviço de Informação Religiosa) – 30 jovens e 4 sacerdotes provenientes da Itália, Romênia, Burundi, Argentina, Mianmar, Palestina, Israel e Jordânia.

Além dos encontros de formação comum realizados no Centro Cultural de Ação Católica de Belém e no Centro Bento XVI de Nazaré sobre temas bíblicos, históricos, aprofundamentos sobre a atualidade da Terra Santa, e o Sínodo do Oriente Médio concluído recentemente, no Vaticano, foram realizadas visitas nos lugares santos de Jerusalém, Judeia e Galileia e encontros com as comunidades cristãs locais.

"Permanecer unidos na oração, nos ajudará levar adiante o compromisso de anunciar a Boa Nova do Evangelho" - frisou o pároco da Basílica da Anunciação, em Nazaré, Pe. Amjad Sabbara. (MJ)


EUROPA APÓIA CRISTÃOS DO ORIENTE MÉDIO

◊ Estrasburgo, 16 dez (RV) - Ontem, em Estrasburgo, na França, foi entregue uma mensagem, assinada por 160 eurodeputados, à delegação de bispos do Iraque, em visita por três dias ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa. O texto sublinha a determinação de não deixar sozinhos os cristãos do Oriente Médio e a utilizar todos os meios disponíveis para defender a democracia, os direitos humanos e a liberdade de religião.

O Presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, sublinhou que “o Iraque deve garantir igualdade de tratamento a todos os grupos religiosos, os cristãos têm os mesmos direitos que seus irmãos e irmãs, sunitas e xiitas”. Entre os prelados presentes, o Bispo de Bagdá dos caldeus, Dom Shlemon Warduni que afirmou: “alguns gostariam que os cristãos iraquianos, fossem relegados a uma única província”. (SP)


Atualidades

AUTORIDADES QUENIANAS ACUSADAS DE COMETEREM CRIME CONTRA HUMANIDADE

◊ Nairóbi, 16 dez (RV) - As violências que seguiram as eleições presidenciais no Quênia, em 2007, poderão vir a ser consideradas crime contra a humanidade. O promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, TPI, Luis Moreno Ocampo, declarou que essa onda de violência pós-eleitoral causou mais de 1 mil mortes e deixou 3 mil e 500 pessoas feridas. Ele solicitou, ao Tribunal, que seis quenianos sejam intimados para depor.

Segundo divulgação da Rádio ONU, um dos seis indiciados é o vice-primeiro ministro, Uhuru Kenyatta, que afirmou jamais ter cometido crime algum. O presidente do Quênia, Mwai Kibaki, pediu calma à população. Os outros são o ministro das Finanças, o ministro da Industrialização, e o chefe dos Serviços Civis, além do ex-chefe de Gabinete e ex-comandante da Polícia e do radialista Joshua Sang.

Os confrontos se deram, em 2007, entre simpatizantes e opositores do governo após a votação presidencial.

O promotor do TPI afirmou que os juízes devem decidir agora se rejeitam ou acatam o pedido de intimação. Segundo Ocampo, os casos apresentados não deixam dúvida sobre as pessoas envolvidas nos crimes.

Segundo o promotor, durante os 30 dias de confrontos, centenas de pessoas foram estupradas e cerca de mil propriedades foram destruídas nas oito províncias quenianas. (ED)

© Rádio Vaticano 2010

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